quarta-feira, março 04, 2009

Queridos Anos 80

Noutro dia, enquanto navegava pela criação mais incrível (entre outras) dos últimos anos, a Internet, deparei-me com uma série de rádios on-line dedicadas aos idos e saudosos anos 80. São rádios com um enorme sucesso, parece que devido à qualidade da oferta proporcionada. Confesso que também fiquei, e sou há muito, fã de tudo o que é relativo a tempos idos. Na música e noutras coisas que nunca mais voltaram a ser como foram nos ditos anos. A ausência de responsabilidade que me preenchia o ego, a ansiedade que me fazia desejar o acelerar dos dias para rapidamente almejar o que os meus irmãos mais velhos já tinham. As namoradas, como todas as relações naquelas idades, fugazes. As amizades, puras. Sim, PURAS! Porra, no nosso tempo para se ter um amigo e manter a amizade era necessário espírito de sacrifício e gostar mesmo do amigo. Não se podia mandar um sms para lembrar-lhe fosse o que fosse, tínhamos que nos encontrar. A tecnologia na altura cingia-se a agulhas mais ou menos duradoiras, ou a gira-discos com mais ou menos opções de rotação. Lembro-me que um disco riscado era impossível de recuperar, não havia disco de segurança que nos salvasse. Estávamos na era do Beta e na alvorada do VHS. As sessões de home-cinema, eram reuniões de amigos em casa de alguém que, ou era apaixonado de cinema e tinha todas as novidades, ou alugávamos um filme num vídeo-clube e a despesa era dividida depois de somar a conta da mercearia (pipocas só se fossemos nós a fazer e a malta preferia batatas fritas e cervejinha). De vez em quando lá íamos em grupo a uma qualquer estreia cinematográfica ao Batalha ou ao Coliseu. O Pedro Cem e o Charlot tinham as melhores poltronas e o preço era mais acessível no Terço.

Enfim, era tudo mais puro. Não havia tanta tecnologia, mas já havia alguma, a suficiente talvez. Já víamos televisão mas não tanta como os miúdos hoje em dia. Tínhamos computadores (lembram-se do ZX Spectrum?) que funcionavam com o gravador mais velho lá de casa, o “animal” só arrancava depois de ouvir uns ruídos parecidos com ausência de sinal de TV. Tudo era motivo de partilha. A partilha existia sem ser em ficheiros. Dávamos os parabéns pessoalmente, ou por carta, mas neste caso estávamos sujeitos a que o postal chegasse depois da data. Havia menos ajudas mas tudo era mais puro. Até a música.

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