quinta-feira, abril 01, 2010

A morte à espreita

Temos como certo o destino. Ninguém escapa ao fim. Nem nada.

Todos o sabemos, não é nada de novo. O mundo, cheio de vida, é uma dança de cadeiras, ocupadas sequencialmente por nascimentos em lugares deixados vagos por quem parte.

A vida em tudo nos mostra que temos como certo o fim, embora vivamos como se aquele nunca viesse. Há-os que vivem com o epílogo no pensamento, não tirando partido, nem mesmo sentindo, o verdadeiro êxtase da existência.

Não que eu viva como um louco, em busca de diferentes experiências que me façam sentir vivo, nada disso. Acho apenas que, quando não fazemos algo, é uma parte de vida que deixamos de sentir.

Já todos nós perdemos alguém ou algo. Nada de novo.

Ontem, enquanto caminhava em direcção ao Metro, o Toni, amigo de longa data, vizinho mais velho que sempre respeitou os “putos” lá da rua, estava longe de imaginar que seria a sua ultima viagem terrena. Num ápice, num simples segundo, caiu e ali ficou. Apesar de rapidamente socorrido, de terem inclusive suspendido a circulação do Metro em toda a linha, a fim de facilitar a assistência, nada inverteu o destino do António Cunha.

Morreu com 49 anos.

É um amigo que parte, um pai que se perde, um filho que deixa os pais em dor e na angustia de verem partir quem criaram para cá deixar.

Conheci-o muito bem, privávamos conversas banais, ambições trocadas, relações falhadas, enfim, sobre tudo e sobre nada. Agradável no trato, sempre disposto à gargalhada ocasional ou ao conselho banal. Partiu.

Diziam-me hoje que havia um Padre que, nas Missas de Corpo Presente costumava dizer:

Até já! 

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