Tripas e NortadasPois é, o ano está quase a terminar e eu ando um pouco distraído. Tenho-me baldado à escrita, não que me falte vontade de escrever, mas porque o trabalho é muito e o tempo não abunda.
Prometo que em breve publicarei novos textos, aliás vou começar a fazer deste blog uma espécie de diário. Só não começo hoje porque não ocorreu nada de especial.

Não sei se sabem, mas houve um tipo que fez todo o seu tempo de tropa na aflição em que está este cromo. Era, como este, alguém que se julgava mais do que os outros. Chamava-se Teixeira (e ainda chama), e foi um dos camaradas que comigo fez o Curso de Policia Aérea no CMTFA, na Ota. Era menino rico (agora será mais...), tinha pó-pó (Peugeot 106 xrsi), e como tal achava-se mais do que os outros. Fartamo-nos de sofrer, todo o Curso à custa dele. Não fazia nada direito, tava-se completamente a marimbar para os camaradas, e como todos nós sabemos, pagavamos todos como um só. É este o verdadeiro espírito de um PA.Vi-o, num qualquer programa de televisão (o moço agora é cantor pimba), a lamentar-se do tempo perdido na tropa, que tinha levado praxe de fazer dó, que não o respeitaram como homem, bla-blá-bla, blá-blá-blá, blá-blá-blá....Tive pena dele. A sério que tive. E tive mais pena ainda, quando vi que todo o tempo que ele passou na Polícia Aérea não o tivesse feito crescer. Encontrei-o uma certa noite, no Porto, a fazer um show de karaoke num famoso bar da zona histórica; reconheceu-me, cumprimentou-me, mas ficou com aquele ar de que eu era uma das ultimas pessoas que lhe apetecia revêr.Não sei o que é feito dele, a fama é efémera, mas espero que tenha crescido e reconheça agora que tudo o que aprendeu com a família PA, lhe é absolutamente vital para a vida. Um abraço para ti, Miguel Teixeira, onde quer que estejas.