sexta-feira, outubro 28, 2011

Incongruências

Há por aí gente que fica muito indignada, com o facto de os deputados na Assembleia da Republica fazerem uso dos computadores para acederem às redes sociais.
Por outro lado, indignam-se que apenas os funcionários públicos e pensionistas sejam abrangidos pelos cortes nos próximos anos. Queriam que os cortes, via impostos, fossem também aos privados.
Até aqui nada contra. Mas quando alguém lhes questiona se nunca usaram os computadores no trabalho para aceder a redes sociais, respondem que o computador deles não é publico, nem estão ao serviço do Estado.
É assim a justiça destes supostos comunistas/socialistas. Aplicam a doutrina deles aos outros. Quando toca aos próprios aludem ao lado privado da coisa. Incongruências...

quinta-feira, outubro 27, 2011

Amizades altruístas?

Não, não são quase nunca. E então? Quando descobrimos, normalmente acabámos. Sugestão? Este fantástico texto, que de tão certo bater com a realidade não resisti a publicá-lo.

Saber Terminar uma Amizade Indesejável

Sucede também, como por calamidade, que algumas vezes é necessário romper uma amizade: porque passo agora das amizades dos sábios às ligações vulgares. Muitas vezes quando os vícios se revelam num homem, os seus amigos são as suas vítimas como todos os outros: contudo é sobre eles que recai a vergonha. É preciso, pois, desligar-se de tais amizades —, afrouxando o laço pouco a pouco e, como ouvi dizer a Catão, é necessário descoser antes que despedaçar, a menos que se não haja produzido um escândalo de tal modo intolerável, que não fosse nem justo nem honesto, nem mesmo possível, deixar de romper imediatamente.

Mas se o carácter e os gostos vierem a mudar, o que acontece muitas vezes; se algum dissentimento político separar dois amigos (não falo mais, repito-o, das amizades dos sábios, mas das afeições vulgares), é preciso tomar cuidado em, desfazendo a amizade, não a substituir logo pelo ódio. Nada mais vergonhoso, com efeito, que estar em guerra com aquele que se amou por muito tempo.
(...) Apliquemo-nos, pois, antes de tudo, em afastar toda a causa de ruptura: se contudo, acontecer alguma, que a amizade pareça antes extinta do que estrangulada. Temamos sobretudo que ela não se transforme em ódio violento, que traz sempre consigo as querelas, as injúrias, os ultrajes. Por nós, suportemos esses ultrajes quanto forem suportáveis e prestemos esta homenagem a uma antiga amizade, de modo que a culpa caiba a quem os faz e não àquele que os sofre.
Mas o único meio de evitar e prevenir todos os aborrecimentos é não dar a nossa afeição nem muito depressa, nem a pessoas que não são dignas.

São dignos da nossa amizade aqueles que trazem consigo os meios de se fazer amar. Homens raros! De resto, tudo que é bom é raro e nada é mais difícil do que achar alguma coisa que seja em seu género perfeita em tudo. Mas a maior parte dos homens não conhece nada de bom nas coisas humanas senão o que lhes interessa e tratam seus amigos como aos animais, estimando mais aqueles de quem esperam recolher mais proveito.
Também são eles privados dessa amizade tão bela e tão natural, por si mesma tão desejável; e o seu coração não lhes faz compreender qual é a natureza e a grandeza de tal sentimento. Cada um ama-se a si mesmo, não para exigir prémio da sua própria ternura, mas porque naturalmente a sua própria pessoa lhe é cara. Se não existe alguma coisa de semelhante na amizade, não se achará nunca um verdadeiro amigo; porque um amigo, é um outro nós mesmos.

Se se vê nos animais aprisionados ou selvagens, habitantes do ar, da terra ou das águas, primeiro amarem-se a si mesmos (porque este sentimento é inato em toda a criatura), em seguida desejar e procurar seres da sua espécie, para se unir a eles (e, nessa procura mostram um afã e um ardor que não deixa de ser semelhante ao nosso amor), quanto mais essa dupla inclinação na natureza do homem que se ama a si próprio e que busca um outro homem, cuja alma se confunde de tal modo com a sua que de duas não faça mais de que uma.

Marcus Cícero, in 'Diálogo sobre a Amizade

terça-feira, outubro 25, 2011

1º Grande Trail Serra de Arga

4 horas da manhã do primeiro dia de Outono. Não o do calendário, mas o efectivo, o que trazia os sinais de que a estação do ano tinha mudado.

O despertador cumpre a sua missão e irrita-me surpreendentemente (experimentem gostar de uma música que usam para despertar) ouvir o “Start me Up” dos Stones.

Com o País a clamar por chuva, depois de um surpreendente prolongamento do Verão em Outubro, os participantes do GTSA ansiavam que ela chegasse apenas umas horas mais tarde. No relatório meteorológico que a organização da prova nos havia feito chegar, prometida estava, mas com maior intensidade, bem como o vento, para depois das 13h. Saio e sinto que, para meu infortúnio e de quem ia correr, a tempestade estava mais próxima do que anunciara.

Equipado faço-me à estrada rumo a Dem, localidade do Concelho de Caminha que acolheu a base operacional de toda a prova. Ali chegado, pouco passava das 6h, encontro o Carlos Sá a sair do Centro Cultural, abrigo dos atletas que ali pernoitaram. Cumprimento-o e trocamos as primeiras impressões.

- “Está a soprar forte…”, digo olhando o nosso primeiro obstáculo, uma subida às eólicas junto a Dem, a mais de 700 m, que parecia que ia ser feita ao som de trombetas. 
- “É da maneira que vocês se despacham!”, responde-me o campeão. “Só espero que não venha o pior antes da Sra.do Minho. Aí sim, é perigoso. O vento sopra muito mais forte, a encosta é mais exposta, e o piso escorregadio.” O comentário mostrava-me receio pelas dificuldades que nos esperavam, aos participantes, e a ele como dinamizador e responsável máximo da prova.

Levanto o dorsal, preparo-me e aguardo calmamente que o dia alvoreça e com ele venham as emoções de uma aventura longa e, esperava eu, divertida.

Divertidos, já todos junto à Igreja de Dem, aguardamos que tocasse a última badalada do sinal horário das 8 e zarpamos estrada acima. Tínhamos combinado, eu, o Luís Pires, o João Meixedo e o Vítor Dias irmos juntos, se possível com o Pedro Amorim, também dos Porto Runners, toda a prova. O ritmo a seguir seria o dos mais lentos, mas, na montanha, pouco olhámos para trás e, ao 3º Km já só restava eu e o Meixedo, que também rapidamente se adiantou. Eu, que sempre me poupo em subidas, deixei-me ficar no meu passo, sem forçar muito, e a desfrutar da bela paisagem sobre Dem. Chegado ao alto, o vento e a chuva fustigavam-nos forte e impiedosamente. Nunca tinha sentido aquela sensação de marinheiro que quer abrir os olhos e só o consegue se olhar para baixo. Impressionante. Dem abriga-se por detrás daquele gigantesco tapa-vento virado a Sul. Ali sim, a tempestade começara.

Lá em cima reagrupamos e fizemos a descida em ritmo de trote, com cuidado necessário para não cair, por um belíssimo trilho em calçada romana, que nos levou até ao não menos majestoso Mosteiro de S.João de Arga. A tempestade é que parecia não querer dar tréguas, a chuva era intensa e o vento…

Iniciada a segunda subida, rapidamente os meus companheiros de aventura se afastaram, seguindo eu num passo confortável e que não comprometesse o que ainda faltava. Afinal, tínhamos percorrido pouco mais de 9 kms e eu queria acima de tudo terminar bem, sem mazelas. O ritmo teria de o controlar com muito juízo ou estaria a comprometer a Maratona do Porto que se avizinha.

Depois da subida, novo encontro com a tempestade. A chuva era fortíssima, o vento impiedoso impelia-me para trás. Tinha tanta dificuldade em ver que parei para colocar uns óculos de protecção, mas a chuva era tanta que nem com óculos, nem impermeável, nada. Só havia um remédio: Continuar até ao próximo monte ou encosta que me abrigasse. Entretanto, a Dª Analice, figura maior do pelotão nacional, corria a meu lado e tremia de frio. Parei e dei-lhe um impermeável que tinha de reserva para a tal chuva intensa que deveria vir depois das 13h, mas que já chegara. Molhado como estava já não me iria fazer falta. A Dª Analice, simpática e divertidamente agradeceu com um “Brigado cara. Bacano!” 
Lá fomos trilho abaixo. A dificuldade que ela tinha a descer e o cuidado com que colocava os pés nas descidas mais técnicas atrasou-me um pouco, no entanto decidi ir junto com ela. Não era um sitio para deixar ninguém sozinho, muito menos com aquele temporal. Depois do abastecimento dos 15 kms, já na descida para o Rio Âncora, o Pedro Igor, membro do staff da prova, dá-me a notícia da interrupção da prova ao km 20 devido ao mau tempo. Diz-me para fazer a zona do Rio com calma, sem riscos, que só faria mais 4 kms. A subida à Sra. do Minho estava impraticável, o nevoeiro limitava a visibilidade e a acontecer algo, o socorro seria difícil, colocando em causa a segurança dos participantes.

Lá fui eu cheio de cuidados, preocupado em não atrasar os primeiros da prova de trail que tinham partido uma hora depois de nós e que entretanto já nos começavam a ultrapassar.

Terminados os 20 kms, encharcado, meteram-me num autocarro rumo a Dem para um retemperador banho.

Foi uma excelente organização, numa fantástica prova, que tem tudo para ser um sucesso no trail nacional. O Minho merece, o Carlos Sá, seu maior embaixador na modalidade, quis ser mentor e dinamizador deste desafio gigantesco, que é o de organizar um evento de dois dias, com Jornadas Técnicas (o que me parece inédito) com mais de 600 pessoas a participar. Nada falhou. Nada do que dependia de alguém avisado falhou. Foi impressionante a articulação perfeita de todos, inclusive da população.

A meteorologia é incontrolável, a única vertente que não depende do homem. A natureza, que todos nós tanto apreciamos é implacável, e cabe ao homem, em consciência, saber se está à altura de a ultrapassar ou não.

Como me dizia a minha irmã nesse dia, ao telefone, “Ainda bem que havia aí alguém com juízo, senão vocês não paravam”.

O meu muito obrigado ao Carlos Sá por tudo. E acima de tudo o mais que ele é como desportista e homem, a sua ENORME humildade. Porque só desiste quem reconhece as suas próprias fraquezas. Como diz o Dalai Lama, “Se descobrirmos que não podemos ajudar os outros, o mínimo que podemos fazer é desistir de prejudica-los.”

Venha daí o 2º Grande Trail Serra de Arga que eu e quase seguramente os demais, queremos voltar.

sexta-feira, outubro 21, 2011

Sport Zone

Isto é um dos exemplos do quão mal se trabalha em Portugal. Aconteceu agora mesmo comigo, e acabei de deixar esta mensagem no mural do Facebook da Sport Zone. Espero que não me metam em Tribunal...

"Como ser enganado numa loja Sport Zone: Entrar, ver um produto no catálogo Berg Outdoor 2011 (catálogo na loja), mais concretamente uma mísera bolsa impermeável, cujo preço é de 1,5€. Vais procurar no expositor respectivo e vês uma bolsa RIGOROSAMENTE igual, com as mesmas medidas, mas que custa o dobro, ou quase (2,99€). Depois de questionada, uma das colaboradoras da loja diz-me que as bolsas constantes do catálogo são antigas e estão esgotadas (!). Apesar de compreender a minha questão e indignação por estarmos a olhar para o mesmo produto, apenas com códigos diferentes, nada mais tinha para me dizer. As bolsas a 1,50 estavam esgotadas. Têm lá a mesma, mas com mais lucro. É a crise. Eu, que não gosto que façam de mim otário, e apesar da insignificância material da questão, vou embora, provavelmente comprar a mesma bolsa, muito provavelmente pelo mesmo preço ou mais, mas à concorrência. Porque quem trabalha assim não me merece como cliente."

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Porra, estamos a falar de uma insignificância, mas é por estas e por outras que as lojas em Portugal estão sempre a definhar de mofo. Nas promoções e tempo de saldos é que têm preços normais. No resto do ano parece que andam a gamar...

De referir que isto se passou na Sport Zone do Norte Shopping, mas curiosamente, a falta de formação do pessoal é extensiva às demais.

Droga

Acabo de ouvir o Presidente do IDT, Instituto da Droga e Toxicodependência em declarações a uma rádio, mostrar a sua preocupação com a anunciada extinção do dito. Parece que o trabalho até assegurado nos CAT será feito pelos Centros de Saúde.
O mais preocupante é que, alguns anos depois da criação e expansão da rede de CAT's não só aumentou o consumo, como aumentaram as doenças relacionadas com o vicio e seus riscos. Os jovens iniciam mais cedo o contacto com drogas (as chamadas leves) e vê-se gente a consumir droga por todo o lado, como se fosse algo normal. A descriminilização do consumo, e a deficiente aplicação da legislação que obriga a tratamento a quem é apanhado a consumir droga, levou a que, o acto de consumir droga, passasse a ser ignorado pela restante população, autoridade incluídas.
Esta velha teoria de esquerda de encontrar nos dinheiros públicos respostas para todos os males da sociedade, trouxe-nos a isto. Muitos milhões gastos em tratamentos de gente que não quer ser tratada, antes quer evitar a ressaca. E muitos mais em apoios que só servem para tapar o sol com a peneira, já que não é com um quarto pago pela segurança social, o passe da STCP e o rendimento social de inserção que se tira alguém da droga. Como me dizia um conhecido que dela saiu sem ir a nenhum CAT, a metadona é uma heroína que não bate.
Prevenção é o caminho.

domingo, outubro 16, 2011

Despenteado

Não, não estou a falar de mim. Estou a falar do texto que a seguir transcrevo e que acho fantástico. Desconheço o autor(a).

DEIXA QUE A VIDA TE DESPENTEIE
“Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie,
por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade…
O mundo é louco, definitivamente louco…
O que é gostoso, engorda.
O que é lindo, custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto enruga.
E o que é realmente bom dessa vida, despenteia…
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar a pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa ideia colocar aqueles
saltos gigantes essa noite, deixa o teu cabelo irreconhecível…
Então, como sempre, cada vez que nos vejamos
eu espero estar com o meu cabelo bem bagunçado…
E se estiver, pode ter certeza
que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.
E quero encontrar você com o teu mais bagunçado ainda!
É a lei da vida:
sempre vai estar mais despenteado
quem decide ir no primeiro carrinho da montanha russa,
que aquele que decide não subir.
Pode ser que te sintas tentado a ser
um homem ou uma mulher impecável,
todo arrumado por dentro e por fora.
O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença:
Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça,
coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria…
e talvez deveria seguir as instruções, mas
quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonito
eu tenho que me sentir bonito?…
A pessoa mais bonita que posso ser!
O que realmente importa é que ao nos olharmos no espelho,
vejamos aquele que devemos SER.
Por isso, a minha recomendação a todos que amo é:
Entreguem-se, comam coisas gostosas, beijem, abracem,
dancem, apaixonem-se, relaxem, orem, viajem, pulem,
durmam tarde, acordem cedo, corram, voem, cantem,
meditem, arrumem-se para ficar lindos,
arrumem-se para ficar confortáveis!
Admirem a paisagem, aproveitem, e, acima de tudo,
deixem a vida despentear vocês!
O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho,
vocês precisem se pentear de novo…
Aproveitem cada dia.