“José Saramago, há uns anos, fez a ameaça de renunciar à cidadania portuguesa. Na altura, pensei quão ignóbil era esta atitude. Hoje, peço-lhe que a concretize... E depressa! Tenho vergonha de o ter como compatriota! Ou julga que, a coberto da liberdade de expressão, se lhe aceitam todas as imbecilidades e impropérios?
Se a outorga do Prémio Nobel o deslumbrou, não lhe confere a autoridade para vilipendiar povos e confissões religiosas, valores que certamente desconhece mas que definem as pessoas de bom carácter.”
Nunca comprei um livro de Saramago, como nunca comprei nenhum de Salman Rushdie. Acho que um escritor que se afirma contra alguma coisa, ou contra alguma crença, ou contra alguma pessoa, vai por um caminho que implica parcialidade. Seria como achar verdadeira e fiel a biografia de Álvaro Cunhal escrita por José Pacheco Pereira.
Não me parece que a grande maioria das pessoas partilhe desta opinião, mas como as que crêem em Deus e na Bíblia me merecem muito mais respeito que um exilado em Lanzarote (rico exílio), parece-me que a minha opção de não encher os bolsos do dito individuo, é tão só, uma homenagem a quem vive e se guia pelo livro Sagrado.
Já tive imensas discussões com muita gente acerca da educação católica. Não me parece válido o argumento que advoga a livre escolha, que pede que não se baptize uma criança, ou que não se eduque a dita inocente numa religião que ela ainda não sabe se quer. Costumo dizer que o meu pai me obrigou a ir à escola, me obrigou a respeitar os outros, me obrigava a fazer a minha cama, a lavar a louça nos dias em que me estava destinado tal ofício e me orientou nos princípios em que acreditava. Nada do que me obrigou a fazer fez de mim pior pessoa, e nenhuma das escolhas que por mim fez me trouxeram nenhum malefício.
Agradeço a educação católica que me deram, o que não invalidou que não tivesse confirmado a minha Fé pelo Sacramento que serve para confirmar a escolha que um dia fizeram por nós: O Crisma (Sacramento de confirmação da Fé). Quando chegou a altura, achei que não tinha assim tanta certeza. E se toda a gente fizesse exclusivamente aquilo em que acredita, provavelmente haveria menos casamentos pela Igreja. Os comunistas não teriam Missa de Corpo Presente, ou funerais católicos, nem os Socialistas corriam a beijar a mão ao Papa quando este vem a Portugal. Porque pior que educar e ensinar segundo uma crença religiosa, seja ela qual for, é apregoar uma coisa e fazer o contrário.
Quanto ao dito escritor, que se nacionalize espanhol, vá para Madrid dizer aquelas barbaridades, que alguém é capaz de o chamar à razão.
Tenho dito.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Diga, diga: