terça-feira, outubro 26, 2010

A Mudança continua...

Poderia chamar-lhe a mudança contínua. Sim porque um acento gráfico muda completamente o sentido da palavra e da própria frase, ou fase.
Continua porque, 3 anos depois, continuo em luta contra o excesso de peso. Excesso que já vem, dizem os cardápios e diz aqui , de um grau de obesidade 2. Tinha a ideia de que engordar e manter-me assim seria inevitável. Na família havia antecedentes de excesso de peso, a minha actividade profissional era demasiado propícia a abusos e ao sedentarismo, e o tempo, esse bem raro para todos nós que achamos ter qualidade de vida, não sobrava para o exercício físico.
A rotina dos dias transformara-se em comer, conduzir, almoços e jantares de trabalho e descanso que a vida de comercial é muito desgastante.
Um belo dia, depois de comprar umas calças com o número 54 (!) decidi que chegava. Tinha 134 kgs. Comecei a controlar o que comia, a abdicar dos excessos e a tentar emagrecer.
No ano seguinte deixei de fumar. Um farmacêutico caído do Céu, qual anjo disfarçado que nunca mais vi (e continuo a ir à mesma Farmácia), vendeu-me (literalmente) um medicamento, dizia, "milagroso e revolucionário", que me levou a deixar de fumar.
Como tinha perdido até aí, com a dieta, cerca de 9 kg, fiquei com receio de vir a recuperar o que menos desejava, os quilos a mais. Comecei então a correr. Melhor, a andar depressa. Fazia inicialmente 4 Kms entre caminhada e corrida, sendo que a corrida se ficava pelos cerca de 400 mts. Durante todo o Inverno resisti à tentação de ficar em casa, no quentinho, e mesmo no estrangeiro corria todos os dias. Pouco a pouco fui ganhando o gosto à corrida e aos resultados que eram visíveis.
Em Setembro de 2009 fiz uma primeira corrida, já aqui relatada, e em Outubro a 1ª corrida com distância significativa. 2 horas e 20 minutos de um sacrificado mas glorioso caminho com 21 km e 97 metros. Hoje, ao recordar aquela corrida solitária em direcção ao meu objectivo, arrepio-me de tamanha determinação. E admiro a determinação do homem. Com um enorme arrepio de emoção cortei a meta e reparei que já eram poucos os que faltavam chegar, como eram poucos os que por ali ainda estavam. Com o dorsal ensanguentado e os pés em papa, olhei para o céu e recordei todos os passos que me tinham levado até ali. Tinha valido a pena.
Este ano, e depois de muitos Kms que já se transformaram em prazer, fiz a mesma prova em menos 22 minutos. Acabei ainda com muita gente na meta, com os merecidos aplausos que vieram um ano depois. Fiquei para aplaudir os que vinham, como eu um ano antes, sem público e com esforço redobrado.
Agora, quase a chegar ao peso ideal, estou a uma semana e meia de um desafio que abracei em Novembro do ano passado, a Maratona. A distância mítica de 42,195 Kms que medeia entre Atenas e aquela cidade Grega.
Continuo na evolução contínua de um plano de treino tirado da internet, com a duração de 20, já longas, semanas. Não dispenso a consulta do site de um amigo de pelotão, o Vitor Dias, que não conheço pessoalmente, mas que tem sido incansável na ajuda que me tem proporcionado. Incentiva, dá dicas de treino, de descanso e de nutrição. Mesmo com as imensas tarefas e ocupações que tem e para as que é solicitado e não enjeita, tem sempre uma palavra ou um gesto simpático que muito me ajuda a ultrapassar as dificuldades.
Continuo a progredir. Espero não parar.
A vida continua e o esforço é contínuo.

1 comentário:

  1. Viva Rui

    Antes de mais, deixa-me felicitar-te pela forma "escorrida" como deixas as palavras saírem e mostrarem o que te vai no coração. Sei do que falas pois há relativamente pouco tempo passei pelo mesmo e conheço algumas histórias idênticas. Acho que não mereço a referência que fazes ao meu nome. Se fiz algo, foi no cumprimento de um dos objectivos que ultimamente ma dá verdadeiro prazer: correr e fazer os outros correr, principalmente os que acham que isso é qualquer coisa de astronautico. O treino está quase feito e agora é a cabeça que começa a comandar. A motivação a partir de agora é fundamental. Permite-me a presunção e deixa-me sugerir-te a leitura da minha primeira maratona, há dois anos atrás, precisamente no Porto.

    http://www.correrporprazer.com/2008/10/a-minha-primeira-maratona/

    Dá para "veres" o trajecto e as adversidades pelas quais vais passar. Li uma vez algo de um psicólogo americano que dizia que uma pessoa que termina uma maratona, pode nunca mais ser a mesma (pela positiva). Domingo (dia 7), à tarde, vais começar a ser outra pessoa e todos o irão notar a pouco e pouco. Um grande abraço e até domingo. Vitor Dias

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