Era isto que eu ia dizendo aos que ia passando trilho fora. Não se pode ter vergonha de correr devagar.
Esta prova é muito boa para quem se quer iniciar em distâncias mais longas, já o disse e reitero. A par da Ultra de Óbidos, é talvez a que me dá mais prazer e que me proporciona aquilo que procurámos todos (ou quase todos) na corrida, um trajecto que nos faça abstrair do reboliço do dia-a-dia, que nos brinde com fantásticas paisagens e, acima de tudo, nos faça tirar prazer de algumas horas a palmilhar km. A Geira consegue ter tudo isto. Desde a descontração da partida, com espantados turistas termais a apreciarem o discurso de um "louco" romano, para umas centenas de imitadores de legionários, que depois de gritarem "Avés" a César, desatam a correr trilho fora, até às paisagens de cortar a respiração em que o Gerês é fértil. A partida e chegada são num manto verde, de terras termais, que há séculos proporcionam terapias pela água. Nós ali só buscamos terapia pela corrida. E vá, uma crioterapia no final, com um trilho aquático.
E digo nós, os que andámos nestas coisas para desfrutar de tudo o que nos proporcionam estas corridas, os que não lutámos pelo pódio, os que correm apenas por deleite pessoal. E para acabarmos bem aqueles 52 km, sem esgotamentos desnecessários, devemos correr sem vergonha, ouvindo o corpo, tentando gerir o ritmo de forma a que, nos km finais, não nos falte a força para acabarmos com a saúde intacta, apesar dos empenos. Nós somos como um carro com o depósito cheio, se não carregarmos muito no pedal nos primeiros km, a gasolina dá para mais uns quantos. Foi o que fiz ontem. Comecei, sem vergonha nenhuma, num ritmo muito calmo, ao atacar a subida até à Portela do Homem, este ano totalmente feita em trilho, belíssimo, e assim fui até ao fim. Tirei mais de 40 minutos ao tempo do ano passado, tendo terminado com uma média de 7'45/km (paragens incluídas), em 6h32. Envergonhado, e ainda bem, esteve o tempo, com uma temperatura excelente para correr, algumas aparições da chuva (mais intensa para quem acabou mais tarde), e com o sol a espreitar amiúde. Foi o Minho no seu melhor.
De realçar o excelente apoio da Cruz Vermelha, sempre muito visível, sempre presente nos abastecimentos, socorristas em bicicleta, dos voluntários e da pouca população com que nos cruzámos. À organização, reiterados parabéns. Provam que o menos importante numa prova destas é a qualidade das camisolas, desde que os abastecimentos sejam adequados e não falte o apoio. Não podendo haver perfeição em tudo, que o melhor de uma prova esteja naquilo que é determinante para o atleta. Um aspecto a melhorar: As marcações. Continuam a ser suficientes para quem já está habituado a fazer estas provas, mas são poucas para os que estão menos.
Parabéns a todos, desde o Albino Magalhães, que voou e fez pouco menos de 4 horas, até ao último resistente, que, sabe Deus como, terá lutado como um ultra para alcançar a meta.
No próximo ano, provavelmente, lá estarei, de novo, pronto para mais umas saudações a César e uns km de prazer na bela Serra do Gerês.
Boas corridas!
Parabéns e obrigado por uma + bela crónica!!! Pena não ter a "coragem/energia" para vir de Portalegre e fazer a Geira tb!!! Gd abraço.
ResponderEliminarÓ Rui....não sabia que ias à Geira. Tb lá estive (a estrear-me nestas distâncias)...não te vi...é pena...fica para uma próxima conhecer-te pessoalmente. Quanto à Geira, magnifica...foi um prazer enorme ter participado, pese embora com a minha inexperiência nestas andanças, tenha exagerado um pouco ao inicio o que fez com que a partir dos 33kms tenha sofrido para chegar ao fim...mas o que importa é que cheguei e em bom estado (apenas com um belo empeno de pernas e um andar novo).
ResponderEliminarAquele abraço e parabéns por mais uma Ultra concluída
Que maraviha, amigo, PARABÉNS pelo percurso. Meu carinho e admiração.
ResponderEliminarParabéns Rui Pinto, adorei ler a tua cronica ou relato, como lhe queiras chamar...está maravilhosa, logicamente tem mais valor para os que gritaram "Avés" a César! Esses sentiram nas pernas a dureza da distância, sentiram certamente onde chega o espírito de sacrifício de quem começa para terminar, de que não vê obstáculos á capacidade humana...Não fiz o ultra, fiz a corrida, achei que não estava suficientemente preparado para aguentar o empeno, mas no fim senti-me pequeno ao lado dos que já contavam com 32km quando nós começamos a corrida...
ResponderEliminarUm grande abrç e boas corridas..
Parabéns pela crónica! Sem dúvida que é a experiência de "ouvir o corpo" que lhe permite transpor toda esta sabedoria e sensações que vai vivendo ao longo da prova. Fico com uma vontade enorme de experimentar todas essas sensações no próximo ano!...a ver vamos!
ResponderEliminarFelicidades! del primero al último, todos merecen esa medalla, así que vergüenza de ir despacio ninguna, esto es para valientes. Preciosa crónica. Enhorabuena de nuevo. Puede que visite Oporto en junio, nos seguimos en el SFTT. Un beso
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