- “Veja lá, enfiaram-nos no lodo da Lagoa, andámos por umas poças de água espalhadas por canaviais, isto depois de quase 9 km em areia, pelas dunas e arribas entre a Praia d’El Rey e a Foz do Arelho. Como se não bastasse, antes de chegarmos à subida final, enfiaram-nos dentro de um túnel, onde a água lamacenta das últimas chuvas, repousava à espera de novas enxurradas que a levem. Era mal cheirosa, claro, como mal cheirosos ficámos todos.”
- “Antes do fim como?”
- “No km final.”
- “Sois uma cambada de coninhas!”
Um bom resumo daquilo que leio por aí e que já discuti com alguns.
A mim sinceramente, o que me fica na memória, são os 51 kms em amena cavaqueira com o Meixedo, a paz que rodeia Óbidos durante a noite, os pescadores em silêncio, os coelhos a fugir, o céu estrelado, o cheiro a maresia nos kms de praia, a simpatia dos organizadores (que falham, como podem falhar todos os que se preocupam em fazer seja o que for) bem espelhada na figura do Jorge Serrazina com o Camel Back colocado, preparado para correr se fosse necessário, e a enorme alegria que sinto em me misturar num excelente ambiente que sempre são as provas de ultra trail. Sem esquecer claro, a excelente companhia do Natividade e da Naná na viagem ao Sul.
O resto, meus amigos, não passam de exaltações do que é o trail.
Deixemo-nos de “conices” (ou paneleirices, ou mesmo de merdas), no próximo ano estaremos lá de novo. A prova vale mesmo a pena.