segunda-feira, novembro 25, 2013

Ultra Trail Amigos da Montanha

Acordo às 4h00 da madrugada. Mas porque raio me meto eu nestas coisas? Deve estar um frio do caraças lá fora! Ai, quanto mais velho, menos juízo tenho.

Não havia muito a fazer. Tinha convencido o Meixedo a ir a este empeno, depois de, à última da hora terem aparecido desistentes a ceder inscrições. Era levantar do quentinho e enfrentar as feras.

coffe

Depois de um pequeno almoço de esparguete de frango, e do café tomado numa bomba de gasolina com atendimento por postigo gradeado, no meio de noctívagos admirados com um “janado” de calções quando a temperatura não ultrapassava os 2º celsius, lá fui eu buscar o meu parceiro de prova. Dali a casa do Carlos Natividade não balbuciámos muito mais que fugazes “que frio”, ou “que é que eu estou aqui a fazer”. Rápida saída de um carro para o outro e siga para Barcelos, base da prova. Ali chegados, e ao contrário do que normalmente acontece nas provas de montanha, pouco convívio com outros atletas. Todos se mantinham dentro dos carros, com pouca vontade de enfrentar a baixa temperatura, na ânsia de ouvirem o tiro de partida às 7h e partirem dali mesmo. Mas não era possível, tínhamos de passar no controlo 0.

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Todos juntinhos para enfrentar o frio, lá fomos, ainda de noite, em direcção aos belos trilhos das montanhas de Barcelos. E aqui começa a crónica que vou reduzir ao essencial.

Amigos

Tinham-me dito que esta era uma prova muito “rolante” (também é), onde o atrevimento dos primeiros 30 km se pagaria mais tarde, pelo acumular dos km e da fadiga. O que todos esquecemos, é que, quando se fala em muitos km a correr, logo um organizador trata de equilibrar a corrida com subidas duras, impecavelmente distribuídas por toda a prova, para que, atentos aos sinais do corpo, os atletas façam uma gestão equilibrada que lhes garanta integridade física suficiente para terminar.

Costumo dizer que uma ultra se faz com muito juízo. Dependendo da capacidade de cada um, olhando às limitações e não embandeirando em arco antes dos últimos 10 km. Foi o que fizemos. Saímos com calma, fartamo-nos de rolar, enfrentámos as subidas estoicamente (onde sempre progredimos com algum à vontade) e terminámos a rolar, embora com os meus já habituais impropérios de mau-feitio quando a preguiça me diz para caminhar, e o Meixedo insiste em correr. E eu corro.

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A prova dos Amigos da Montanha é muito boa para quem se quiser estrear em ultras. É muito equilibrada, segura, com imenso apoio, tem paisagens fabulosas (não esqueço tão cedo o fantástico nascer do sol) muita floresta, muitos trilhos bem desenhados, marcada na perfeição e com abastecimentos 5 estrelas. Desde as bolas de berlim do pequeno-almoço (primeiro abastecimento) até ao chourição e presunto do lanche (45 km), passando pela canja do almoço (distribuídos pelas nossas 10 horas de prova foi assim que coincidiram), todos com alimento e bebidas em abundância, sem esquecerem nada.
A cereja no topo do bolo são as diferentes pequenas experiências integradas na prova, a começar pela travessia de um Rio em “slide”, o equilibrismo apoiado em cordas nas escorregadias pedras da zona dos moinhos até à travessia do Cávado em canoa (onde eu e o João fizemos um sprint e, sem conseguirmos travar, tal era a velocidade, abalroámos a canoa que tinha partido MUITO antes). Prova única e espectacular, a repetir, sem dúvida. Não ouvi um único reparo.

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Foi um excelente dia, uma prova algo sofrida depois dos 45 km, quando as cãibras me quiseram chatear sempre que mudava de subida para descida (ou vice-versa) ou quando caía (foram algumas, sem gravidade), e em excelente companhia, do já habitual meu parceiro destas lides (a paciência que ele tem para me aturar), o João Paulo Meixedo, o Paulo Pereira, numa excelente prova em ano de estreia e do inspirador atleta Tiago Dionísio que fazia a sua 274ª Maratona (!). Conseguimos (a espaço com outros) fazer um grupo que foi junto quase até ao fim (o joelho do Paulo não o deixou correr no final como queria) e que se entendeu lindamente num convívio animado.

63 Km, com 5.000 m de desnível acumulado, em pouco mais de 10h foi este o empeno.

No final, de onde partira-mos, no centro de Barcelos, uma excelente recepção de todos os que, tendo acabado muito antes, ali esperavam os que prolongam o sofrimento.

Parabéns aos Amigos da Montanha pela irrepreensível prova e a todos os que nela participaram. Parabéns aos vencedores, Luís Mota e Ester Sofia Alves. Nem a canoagem os atrapalha.

Até ao Xtmas Trail

 

P.S. – Créditos das fotos do sempre presente Miro Cerqueira e de André Alves (fonte: Facebook). Um álbum que retrata de forma excelente a prova, é este álbum, do Carlos Cardoso.

4 comentários:

  1. Mais uma excelente Crónica Rui Pinho!!! O Peixoto fez umas maldades no aumento do desnível (tive oportunidade de lhe dizer pessoalmente) , mas este ano já não desejei que a Prova tivesse 100kms... Eheheheh!!! Obg pela partilha!!!

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  2. Muito bom Rui, mais uma vez....adorei esta aventura - isto hoje, depois de umas horitas de sono pq ontem nos últimos km estava a amaldiçoar a decisão em ter ido a Barcelos :)...estamos todos de parabéns! Aquele abraço e até um dia destes algures por aí

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  3. Caro Rui Pinho, e eu que nao fazia a ideia que a ida ao "pote" ainda permitia uns atalhos Eheheh :)

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  4. Dorsal 32 por bons caminhos :D Grande prova e relato. Parabéns.

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