sexta-feira, abril 25, 2014

Liberdade

 

liberdade

Foi há 40 anos.
Era miúdo, sou um dos da geração chamada de “Abril”, mesmo tendo nascido dois anos antes, em Outubro. Somos da geração “baby boom” à portuguesa. Portugal, apesar de direccionar grandes recursos para a guerra colonial, estava em franco crescimento económico desde a recente criação do EEE, espaço livre económico que precedeu a UE, e que juntara em 1973 os membros da EFTA aos da CEE. A década de 60, com a indústria a impor-se ao sector primário, caracterizou-se pela deslocalização das populações para as grandes cidades do litoral, concentrando-se quase 1/3 nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Apesar de todas as excelentes condições para o crescimento económico, o regime insistia num modelo caduco, que não deixava que o País crescesse ainda mais, e que nos levou a uma revolução com muitos méritos, mas cujo PREC levou à quase total destruição de um tecido industrial que nunca mais se revigorou. O crescimento económico não impediu contudo, a emigração, que atingiu o seu máximo nas décadas de 60 e 70, nem impediu que o analfabetismo mantivesse taxas acima dos 25%, ou que o regime mantivesse um controlo quase total da imprensa, nem que Portugal figurasse entre os poucos que mantinham colónias ultramarinas. Éramos um País retrógrado e amarrado.

Em 1974, com a revolução dos cravos e consequente queda da ditadura, o “pássaro fugiu da gaiola”. Ora, um pássaro que passa anos enfiado numa gaiola, quando libertado, raramente consegue voar muito e em perfeitas condições. Vejam os inúmeros animais criados em cativeiro que, quando soltos no seu meio natural, em liberdade, não conseguem sobreviver aos desafios que a luta pela sobrevivência impõe. O País, como um pássaro trôpego, andou a cambalear até estabilizar a meio da década de 80. 

A liberdade é um processo de aprendizagem. Todos nós fizemos imensas asneiras nos primeiros passos que demos em liberdade, enquanto adolescentes, quando os nossos pais acharam que nos podiam soltar um pouco as rédeas que nos mantinham junto a eles. Todos nós fomos aprendendo a sobreviver neste mundo, nesta sociedade que nos coloca permanentemente em desafio, que nos amarra permanentemente a um estigma social que nos tolhe a aparente liberdade.

40 anos são mais que suficientes para amadurecer. Já podemos em liberdade escolher caminhos, escolher destinos e escolher os nossos erros.
É isto que significa a liberdade: A capacidade de podermos escolher livremente o nosso destino, reconhecermos nós próprios as nossas fraquezas, sem estereótipos, e podermos liderar o nosso caminho rumo à felicidade.

Soltemo-nos de gaiolas e amarras.

Vivamos a liberdade!

Oração do corredor

 

Endorfinas nossas que estais no cérebro
Fazendo-nos sorrir depois de cada empeno
Duplicais a vontade de correr
Esteja o céu azul ou carregado de negro

Força para a corrida de cada dia nos dai hoje
Perdoai-nos as nossas preguiças
Assim como nós perdoamos a quem nos ultrapassa

Dá-nos forças correr nos trilhos ou na estrada, mas livrai-nos de lesões.

 

Amen

quinta-feira, abril 17, 2014

Grupo que não está a $oldo

Existem vários grupos no Facebook. O fenómeno das redes sociais é exponencial e um excelente meio de divulgação de produtos, eventos, trocas de ideias, textos (eu próprio me farto de o usar para divulgar as coisas que aqui vou escrevendo) e muitas mais coisas que se vão lembrando de partilhar com amigos e seguidores desta enorme comunidade de internautas, que já não dispensam a consulta mais ou menos regular, para acompanhar as tendências e acontecimentos mediáticos.

Criei há algum tempo um Grupo (Trail Running Tuga), no sentido de partilharmos, os que o praticamos e os que o querem praticar, algumas ideias de treinos, especifidades técnicas, treinos conjuntos, produtos aliciantes (como prova a compra por parte do Mauro Gonçalves, sem qualquer vantagem pessoal de umas dezenas de GPS a preço mais competitivo, pela quantidade negociada) e divulgação de provas.

Inevitavelmente, e com o crescimento do desporto, começaram a haver partilhas de páginas de lojas on-line, de espaços físicos de venda de produtos, sem prejuízo dos habituais posts de divulgação de saldos em lojas da especialidade sempre que descobertos por algum membro mais atento e com sentido altruísta de partilha de informação que todos apreciamos. É para isto que este grupo existe, e foi para isto que ele foi criado.

Há algumas semanas apareceu uma publicação de um membro, com um anunciado excelente negócio, promovido pelo próprio, de frontais a um preço irrisório quando confrontado com as centenas de “lumens” anunciados e durabilidade do produto. Entretanto foi contestado por outro membro, o Luis Leite, “velho” conhecido dos trilhos, que, atentamente criticou o oportunismo e divulgou um site (http://www.dx.com/pt/p/zooming-cree-q5-200lm-2-mode-1-led-white-light-headlamp-3-x-aaa-3-6-4-5v-117193, aproveitem) onde os ditos frontais são vendidos a menos de metade do preço pedido pelo utilizador que utilizou o grupo como “banca de venda”, portes incluídos, e atestados em prova pelo próprio. Também eu lhe ia, repito, ia(!), (já não vou) comprar o dito frontal, mas como me sinto usado e enganado (o espírito do grupo está descrito e não serve para oportunistas), já contactei o dito atleta e declinei a oferta. Tudo isto porque o membro do grupo, confrontado com as questões do Luis, decidiu ignorar e abancar o post com comentários típicos dos grupos que servem (esses sim) para a venda de produtos. Vou eliminar o post, se o utilizador insistir na sua publicação será banido, como todos os que já tentaram vender óculos, barracas, créditos, bugigangas ou outros produtos que não respeitem o espírito altruísta do grupo.

Este grupo não foi criado com objectivos comerciais. Serve apenas e só para partilhas que possam valorizar o conhecimento de todos, serve para partilhar experiência, serve para servir.

terça-feira, abril 08, 2014

Juízos e liberdades

O Juízo da Perturbação

Se estás aflito por alguma coisa externa, não é ela que te perturba, mas o juízo que dela fazes. E está em teu poder dissipar esse juízo. Mas se a dor provém da tua disposição interior, quem te impede de a corrigir? E se sofres particularmente por não estares a fazer algo que te parece certo, por que não ages, em vez de te lamentares? Um obstáculo insuperável te o impede? Não te aflijas, então, pois a causa de não o estares a fazer não depende de ti. Não vale a pena viver se não o puderes fazer? Parte, então, desta vida satisfeito, como partirias se tivesses logrado êxito no que pretendias fazer, mas sem cólera contra o que se te opôs.

Marco Aurélio (Imperador Romano)

Se já era assim no tempo de Marco Aurélio, assim continua nos nossos dias. Andamos preocupados com o que a sociedade pensa de nós, ajuizando permanentemente o que ela sentenciará de cada passo, cada atitude, cada vontade demonstrada em fazermos o que quer que seja, abdicando de viver o que desejamos. Perturbamo-nos depois por não fazermos o que queremos ou queríamos fazer, abdicando do livre arbítrio que todos temos e de que quase todos abdicámos. Os loucos, esses, ficam com o bom da vida, a despreocupação. A consciência, essa guilhotina que vem acoplada ao ser humano e que os nossos educadores tanto trabalham, leva-nos os sonhos como as enxurradas levam a água. Felizmente, depois de toda a intempérie surge nova vida, e muitas vezes, onde havia flores, voltam a nascer flores.
Temos que fazer uma permanente avaliação de tudo o que se passa nas nossas vidas? Não obrigatoriamente. Mas devemos seguramente avaliar se estamos a ser capazes de fazer tudo aquilo que nós, e apenas nós, esperamos da nossa vida. Egoísmo? Não me parece.
Devemos procurar as nossas meias laranjas, os testos das nossas panelas, os legos que encaixam nas nossas peças, porque é isso seguramente que todos os outros fazem.
Afinal, procurar o que é melhor para nós, apesar de um acto individualista, faz-nos ser, em primeiro lugar, leais para com nós próprios, não abdicando dos nossos projectos, e isso, quer queiramos ou não, é o que faz com que os outros possam encaixar nas nossas vidas. Se não encaixam é porque as peças não são compatíveis.
Vamos ser felizes e deixarmo-nos de merdas? Vamos lá!

sexta-feira, abril 04, 2014

Atestado de virgindade

Cruzei-me com este texto há alguns dias. 
É um certificado requisitado durante séculos e que, como os certificados de bons costumes exigidos para cargos públicos, passados pelos párocos a troco de umas moedas, ou pelo chefe da polícia a troco de uns copos de três, eram exigidos às mulheres antes de casarem, e normalmente atestados por parteiras experimentadas. 
É digno de ser lido. 
Perdoem o vernáculo, mas a senhora não tinha formação académica.

Atestado de Birgindade

 

Eu, Bárbara Emília, parteira que sou de Coyra, atesto e certufico pela minha onra que Maria de Jesus tem as partes fodengas talinqual como veyo ao mundo insceto umas pequenas noidas negras junto ao alto do monte da crica que a não seren de nacenssa sarão porvenientes de marradas de piça.

Por ser verdade pasei o prezente atestado de virgindade.

Bárbara Emília das Dores