quarta-feira, fevereiro 11, 2015

III Trail de Sta Luzia


Admirar a costa de Afife. Correr nos pastos dos garranos. Pensar que há sempre mais uma pu…(piiii) de uma subida e ter saudades do final de há um ano, totalmente dentro de água. Comer bolas de berlim do Natário. Por esta ordem, foi mesmo assim. Que me perdoem os que não comeram bola de berlim, eventualmente por eu ter comido duas, mas eu também acelerei um pouco para não perder tão irresistível iguaria.
Depois de duas edições mais curtas, a organização (quase só o Leandro Freitas), levou a edição deste ano a um patamar de excelência.
Com partida e chegada no Complexo Desportivo Municipal, Viana do Castelo foi apreciada de cima por todos os que percorreram os trilhos do belíssimo Monte de Sta Luzia. Vou-me abster de fazer comparações que possam ser mal entendidas, mas que outra prova nos leva a apreciar vistas fantásticas sobre o Atlântico, em território natural de garranos, por verdejantes pastos, onde até os bovinos repousam ao sol, com ar bonacheirão? Talvez só a vizinha Serra de Arga,  visível a oriente, depois de atingido o topo da Sta Luzia, e apenas separada por uma estranha autoestrada. Aliás, as semelhanças são imensas - dos cursos de água, ao tipo de terreno e aos inúmeros trilhos de pastoreio ancestrais – são ambas dignas de visita, tendo poucas passagens por zonas povoadas, e com múltiplos motivos de contemplação. As imagens do site da prova são fidedignas.  
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(Foto de Laureano Freixo)
Este trail tem todas as condições para se impor no calendário e para atrair bem mais que os menos de 200 que ali acorreram e puderam desfrutar da natureza, num dia que apesar de ter começado frio, se apresentou ameno e com sol, excelente para a prática de desportos na natureza. Falo, claro, da distância rainha (44 km), porque nos 15 do Trail curto seriam bem mais de 3 centenas.
As organizações que persistem, que melhoram ao longo das várias edições,  que vão ouvindo o feed back dos atletas, tendem a melhorar. É o caso. Melhorou o traçado, aumentou a distância para Ultra, sendo agora uma das melhores para a estreia. Esta prova tem sido olhada com alguma indiferença pelo pelotão nacional, talvez por ser realizada tão próxima dos Abutres, mas parece-me ter muito para crescer em adesão, olhando ao fantástico percurso, localização e logística. Não são muitas as provas onde no final se degusta uma bela bola de berlim do Natário, antes de um retemperador banho de água quente, nos múltiplos balneários à disposição dos atletas. Tratamento de luxo, nos pormenores mais importantes. Abastecimentos q.b. (água, laranjas, bananas, tostas, mel ou marmelada e batatas fritas), os trails não têm de ser banquetes. Trilhos muito bem marcados, embora a cor (amarelo) das fitas não seja a ideal, com o pormenor de sinalização dos Km percorridos a cada 5. Muitos fotógrafos asseguraram que ninguém ficava sem uma recordação pela passagem pela prova.
Uma novidade nesta prova foi a preocupação com a segurança, com a participação, excelente, do GOBS, que não passou despercebida. Com elementos em todos os pontos mais susceptíveis de serem palcos de acidentes e outros que corriam em sentido contrário nos trilhos, sempre preocupados em saber se estávamos bem, foram uma evidente mais valia. Não fossem superiormente liderados por experientes corredores de montanha, seria maior a surpresa. Uma valência mais para o mundo do trail, que deve ser aproveitada por outras organizações.
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(foto de Miro Cerqueira, no belíssimo percurso dos Canos da Areosa, este ano feito a subir)
Prova dura, com desnível a rondar os 4.000 mt, pouco técnica, proporcionando períodos prolongados de corrida, como muitos preferem, onde não faltam subidas de sentir palpitar o coração ao nível dos olhos e as passagens por cursos de água para arrefecer os membros inferiores.
Vou continuar a ser totalista. Espero que Viana mantenha a sua Ultra.

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