sábado, janeiro 30, 2010

Belmiro de Azevedo em entrevista à Visão

Não que o ache a pessoa mais indicada para reflectir as preocupações da generalidade dos portugueses, mas, para quem não leu, ainda, a entrevista que deu à Visão, aqui ficam alguns tópicos, com alguns comentários que, livremente, acrescentei.

SONAE - "É incorruptível". (Pudera, digo eu. Também seria com 10% do capital…)

INVESTIMENTO - "Acabe-se com o devaneio das grandes obras". (Nesta afirmação revela descrença nas acções da Mota-Engil)

GOVERNAÇÃO - "Bloco central, não. Senão vira ditadura a dois, compadrio. Neste momento, e quase direi por felicidade, não há um Governo de maioria". (E temos tido o quê?)

LÍDER DO PSD - "[Manuela Ferreira Leite] teve muitos anos de trabalho, mas no Estado. Nunca dormiu mal por ter a responsabilidade de saber como pagar salários". (Mulher sem insónias não é mulher. Deve ter dormido mal quando era Ministra da Educação. A imagem da geração rasca de rabinho ao léu era aterradora.)

GOVERNO - "Tenho dificuldade em saber os nomes de metade dos que estão lá" (Também nós.)

PROMESSAS - "Muitas vezes as promessas são feitas sem o Teixeira dos Santos assinar pior baixo". (Ou quase sempre. Mas devem dar-lhe conhecimento, vide a promessa acerca da Red Bull Air Race…)

DEMOCRACIA - "Criou-se um sistema em que o povo vota pelas festas, frigoríficos e passeios". (O povo ainda vota?)

SALÁRIOS - "Os salários são baixos. O pessoal do meio é que ganha de mais. Têm de ser aumentados o último piso e o rés-do-chão". (Ponha em prática a teoria. Comece pelos Modelo e Continente.)

JORNAL "PÚBLICO" - "[José Manuel Fernandes] era acusado - e bem acusado - de não criar climas de consenso no jornal". (Ahhhh! Consenso…. Pluralidade num jornal, parece-lhe mal?)

SÓCRATES / PRESSÕES - "O primeiro-ministro telefona ou manda telefonar com muita frequência" (É um bom cliente da PT.)

MARCELO - "[Marcelo Rebelo de Sousa] é pluri-pluri. Tem dez respostas, todas boas, para a mesma pergunta. Não sofre de pensamento único". (Ou não sofre de falta de criatividade.)

PRESIDENCIAIS - "O Alegre devia ter juízo (...) No final do mandato já terá 80 anos, não é muito sensato". (Não. Mas ir à caça depois dos 70 custa mais.)

CAVACO - "Cavaco é um ditador. Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim, 'com vermelho directo'". (Oh Belmiro: Tu já mandaste quantos? Ah! Só com duplo amarelo…)

TGV - "O TGV está desenhado em função dos interesses espanhóis". (Devia ser construído em função dos interesses dos Ruandeses…)

ESPANHA - "Do ponto de vista político, o sistema espanhol é pior do que o nosso". (É. As democracias são assim, diferenciam-se por nacionalidade.)

CONCERTAÇÃO - "Os empresários têm muita força, mas quem tem mesmo força são os trabalhadores". (Não têm é dinheiro. São os do R/C.)

SINDICATOS - "[Sindicatos] terão de se reformular se não quiserem desaparecer rapidamente". (Exacto. Dão demasiada força aos trabalhadores.)

TRABALHADORES - "Para se ter uma sociedade coesa, os trabalhadores têm de ser bem tratados, não se podem explorar". (Desculpe???)

PATRÕES - "Não há nenhum empresário sério que se reveja nas associações patronais". (As associações patronais não são de empresários sérios.)

REGIONALIZAÇÃO - "Podia ser interessante regionalizar a Educação". (Ou educar as regiões. Mas, regionalizar à moda de Espanha?)

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Fábula do Défice

Como estamos em época de crise, ou estivemos, nem sei bem, vou revelar o meu défice: 9% do meu produto. Ao ano.

Nada que uma parceria com um qualquer otário não resolva. Aceito contribuintes líquidos.

Prometo que não compro mais nada a crédito.

No próximo ano baixo este défice para 8,3%. E o meu rendimento este ano subirá 0,7%. Bate certo.

De referir que o meu rendimento está já empenhado em 82%, o que me dá 18% de margem para comprar pirolitos (deixei de fumar à algum tempo).

De qualquer das formas, espero nos próximos anos comprar uma quinta no Douro, uma moradia de 500 m2 na Foz e, se me agradar o novo modelo, vou comprar dois Ferraris.

Pode ser que rebente um dia.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Desgraças e modernidades

Enquanto que por cá se discute o acesso de casais de pessoas do mesmo sexo a um evento organizado pela, socialista, Câmara de Lisboa, do outro lado do Atlântico poucos serão os casais que resistiram à devastação da natureza.

Port-au-Prince é uma cidade construída à custa de muita desflorestação e de imensas barbaridades cometidas contra a natureza da ilha e a sua biodiversidade. Dizem que o solo, de tão desprotegido, se tornou árido. Nada disto incomodou a comunidade internacional, que, do sofá, apreciou em belos LCD’s, as sucessivas tomadas do poder e os atropelos à vontade de um povo que nada tinha e que de tudo carecia.

A ONU, para o Haiti, o máximo que conseguiu foi um contingente, liderado pelo Brasil, constituído por militares de países tão surpreendentes como nunca mencionados em missões de paz pelo mundo fora. Não que o não possam ou devam fazer, mas porque, em suas próprias nações a dita calma não abunda: Jordanos e paquistaneses.

Depois da desgraça, correu o dito 1º Mundo, em direcção ao País mais pobre das Caraíbas (onde abundam resort’s e cruzeiros de luxo) e um dos mais pobres do Mundo.

Somos sempre mais sensíveis a uma tragédia que envolva 100.000 mortes, do que a 100.000 tragédias que envolvam 1 morto apenas. Mas era isto que acontecia no Haiti, e que continua a acontecer com a falta de distribuição de bens de primeira necessidade.

Apesar dos SMS, das campanhas de solidariedade e de todas as manifestações de pesar e de choque, continuam a existir no Mundo inteiro, milhares de tragédias que não chegam ao nosso conhecimento.

Não podemos mudar o Mundo, mas temos obrigação de mudar um pouco o “nosso” Mundo, para que os demais possam evoluir e, daqui a uns anos, discutam vulgaridades como as que se discutem por cá. 

domingo, janeiro 10, 2010

Regionalizar – Parte x

Ontem li nos jornais que o novo Ministro das Obras Publicas, numa visita ao Grande Porto, e quando questionado sobre os investimentos a fazer no Metro do Porto, falava em racionalização de recursos. Que o dinheiro é pouco e todo o investimento tem que ser muito ponderado e tal, e coiso…

O ex-Ministro Mário Lino, falava, em relação à localização do Aeroporto de Lisboa na margem sul, num território inóspito, numa terra sem gente nem infra-estruturas condizentes com um investimento daqueles. Resumia com um lapidar JAMAIS!

A expansão do Metro do Porto custa aí uns 100 milhões de euros. Hoje ouvi um anuncio de uma obra que ronda os mil milhões de euros, numa região que, chamou o governo, de “Pinhais do Interior”.

Deve ser um investimento Mota, daqueles que se chamam parcerias publico-privadas. São mais ou menos engenharias financeiras que querem dizer que fica muito caro para o erário público e é vantajoso para os concessionários.

Os milhões de habitantes de Oleiros, Proença-a-Nova, Ansião, Sertã e Vila-de-Rei, vão ganhar muita qualidade de vida com a nova estrada. O entusiasmo é tal que estão a mudar-se para aquelas bandas milhares de lisboetas, ávidos de estrada livre.

Nós por cá, como não temos pinhais, continuámos à espera que sobrem 100 milhões dos trocos aplicados. Dava jeito uma expansão da linha do metro, para que as populações fiquem mais próximas das escolas, hospitais e indústrias que por cá existem.

Ficámos à espera.

Como dizia Eça, isto não é um País. É um sitio muito mal frequentado.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Mais um pontapé no Porto

O concurso da terceira fase do Metro do Porto deveria ter sido lançado no passado mês de Outubro. Não foi. Fase essa que está avaliada em menos de 10% das obras já lançadas no Metro de Lisboa, que não pára de se expandir com derrapagens atrás de derrapagens. 

Há comboio para a Amadora? Constrói-se metro. E já agora alarga-se o IC 19.

Receitas? Portagens nas SCUT a Norte.

O que mais me incomoda é que ninguém se chateia com tudo isto. O governo que tudo adia a Norte, foi premiado nas ultimas eleições. Continuamos a mendigar o desenvolvimento de uma região que tem todas as condições para liderar o Noroeste peninsular. Em sentido contrário temos um governo centralista, que, cada vez mais, se fortalece em 80 Km’s quadrados, qual condomínio de luxo de um País cada vez mais pobre e desigual.

Como reflexo dessa política, até o vinho de Lisboa é mais apoiado pelo Turismo de Portugal. Se não tivessem construído a Expo ainda nos levavam de cá as Caves. E só não levam o nome porque ele faz parte do nome do País, ou não fosse originado no Condado Portucalense.

Este cantinho peninsular tornou-se numa espécie de carro com um bom motor, mas que não circula por ter os pneus carecas e a carroçaria toda enferrujada por falta de manutenção.

Gamofobia

É palavra que o meu (inteligente corrector ortográfico) considera como erro.

Designa o medo de casar.

É mal de que não padecem os casais do mesmo sexo. Agora que já foi dado o passo principal, até já foram contemplados na Expo noivos.

Fico à espera da legalização da Poligamia.

Há por aí tanta gente a disputar o mesmo, ou mesma, parceiro. Seria uma boa solução e teria muitos adeptos. Não vejo qual seria o problema. É uma liberdade individual que ainda não está contemplada.

Podia era multiplicar os casos de gamofobia…

Avaliação

Qualquer um de nós é capaz de avaliar seja quem for, em qualquer ramo de actividade, a que estejamos directa ou indirectamente ligados.

Eu, consigo avaliar uma série de TV, o padeiro, a empregada do café, o polícia de trânsito, o meu chefe, um ministro, etc., etc., etc.,…

Consigo avaliar muita coisa, e apesar de tentar, não consigo atribuir classificação positiva a tudo o que me rodeia.

Ora, quanto aos cerca de 200.000 professores da nossa praça, dizem-me que muito poucos, uma ínfima percentagem, é classificada como mau ou suficiente. É mais ou menos como com os alunos, podem chumbar, mas raramente chumbam.

Querem os ditos profissionais progredir na carreira sem qualquer entrave. Querem poder subir de escalão (ganhar mais dinheiro, porque a recompensa de ser bom ou mau não implica um pontapé no rabo, como para qualquer um de nós) e deixar poucos (os que não prestam) a ganhar pouco. É uma espécie de vamos todos ser chefes e deixamos dois ou três para disfarçar.

Como acho que avaliações e carreira não podem jogar, deviam manter-se as remunerações por diuturnidades e mandar para a rua os maus professores. Um País que os deixa leccionar não pode progredir. Já agora, deixem uma qualquer empresa auditora externa à classe avalia-los e provavelmente ficam muitas vagas por preencher.

No meu tempo um mau professor levava com uma batata no tubo de escape…

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Desligar a corrente

O Rio Douro produz mais de metade da electricidade proveniente de recursos hídricos em Portugal.

Com a construção das novas barragens nos afluentes, vai aumentar essa capacidade. É no norte que está situada a central que controla as descargas nas barragens nacionais, evitando assim cheias nos grandes rios do País, como o Tejo, Zêzere, Mondego e Guadiana. Só não as consegue evitar no Douro. É uma força incontrolável.

Com a perspectiva da regionalização no horizonte, devemos começar já o apelo ao voto pela reforma das reformas. E começar a cobrar o uso dos nossos recursos para o bem estar de quem nos leva os impostos para desenvolver um País à parte, onde qualquer mini-tornado se transforma numa causa nacional. A preocupação dos jornalistas, na última semana, era a escassez de tomate e alface no MARL (Mercado abastecedor da região de Lisboa), como se o Norte dependesse das estufas do Oeste para ter uma saladinha na mesa.

Não, meus senhores!

Eles é que dependem na nossa bondade para terem luz em casa e nas empresas!

E para não terem água pelos joelhos!