sexta-feira, junho 07, 2013

Ciclovias ou Ecovias?


Espero não ser levado a mal pelo que vou escrever. Também já fui ciclista de ocasião, cicloturista barrigudo e essencialmente de Domingo. Todos têm direito à existência e é óptimo quando vemos as nossas ecovias (como se deviam chamar) cada vez com mais frequentadores. É sinal que o exercício físico é encarado como algo necessário e que melhora a saúde dos portugueses.

No entanto, nem tudo são rosas.
Tem havido movimentos vários de apelo dos ciclistas aos condutores de automóveis para que tenham cuidado quando partilham a mesma via, visto que, ao calcular mal uma ultrapassagem, podem colocar em risco a integridade física daqueles. Também eu sou automobilista. Farto-me de cruzar-me com ciclistas que, ao sentirem a aproximação de um carro, rapidamente se colocam em fila (como manda o código da estrada), e facilitam a ultrapassagem, não pondo em perigo os próprios nem outros. Esses vejo-os à semana, normalmente. Ao fim-de-semana, e principalmente ao Domingo, é vê-los em grupo, 4 ou 5 lado a lado, marginal fora, como se fosse uma imensa pista de ciclismo. Pior, chegam às ciclovias partilhadas (por exemplo entre o Cabedelo e a Casa Branca, onde não há marcação separada para peões, ou na marginal do Porto, entre o Passeio Alegre e Massarelos) e é vê-los a acelerar e a serpentear os peões. Alguns andam mais rápido que os carros na rua. Fazem da ciclovia uma pista. E reclamam exclusividade de uso.
Devo dizer que o código da estrada diz que a ciclovia é para uso exclusivo de bicicletas, mas isso é enquanto veículo. Sim, porque há muitos ciclistas que esquecem que a bicicleta é um veículo.
Em Portugal, erradamente, colocaram as ciclovias em cima de passeios, mas na Europa Central, onde são mais comuns, estão nas estradas, com os carros, que convivem perfeitamente com elas.
Aqui não. Na ânsia de captar frequentadores das marginais, pintaram passeios, chamaram-lhes ciclovias, e é ver um sem número de inconscientes a fazer daquilo uma pista exclusiva. Claro que há excepções. Os verdadeiros ciclistas fogem das marginais e destas ciclovias. Fazem os treinos na estrada, onde mais facilmente se deslocam. É que nos passeios, os peões estão menos atentos, não contam que lhes apareça um veiculo a mais de 30 ou 40 km/h.
Corro pouco à beira-mar ao domingo. Quando há sol prefiro ir para longe dos domingueiros. Há algumas semanas fui até à Barragem de Crestuma pela marginal e regressei pela EN 222; curiosamente, (há poucas zonas com passeios em todos os mais de 40 km do percurso, e as bermas são também escassas), quase fui atropelado 3 vezes, por... Ciclistas. Um deles ia a mandar SMS's alegremente.
Em jeito de conclusão, este post serve, não para dizer mal dos ciclistas em geral, mas para lhes pedir o mesmo respeito por quem corre, como eles desejam para os próprios da parte de quem conduz um veiculo automóvel. Lembrem-se que uma criança num triciclo movimenta-se erroneamente e pode fazer um gesto brusco e provocar um acidente. Quando quiserem acelerar muito, optem por estradas menos movimentadas e quando virem um corredor na ciclovia, não o obriguem a saltar para a rua, como tantas vezes fazem. Aprendam a partilhar aquilo que é de todos, antes que haja alguma desgraça. Problemas já houve que chegue. Nem a estrada é exclusiva para veículos automóveis, nem as ciclovias são espaços fechados a peões.
E já agora, deviam mudar o nome para Ecovias. Talvez assim percebessem que a ideia é proporcionar um espaço agradável a todos e não uma pista exclusiva a quem quer que seja.
Bons treinos!
 
 

6 comentários:

  1. Como ciclista digo (ou escrevo)...

    B R A V O ! ! !

    Faço uso da bicicleta diariamente, sim, diariamente mesmo, e confesso que por vezes tenho vergonha disso, pois há muita boa gente por essa estrada fora que não faz idéia do perigo a que está sujeito e muito menos do perigo que provoca!!!

    B R A V O ! ! !

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  2. 100% de acordo!
    Aqui onde vivo há uma mini ciclovia ou ecovia. (o que até é um pouco ridículo pois vivo numa vila com imensos locais, quase sem transito, para correr ou andar de bicicleta mas adiante).
    Mas esta ecovia tem o sinal de uso obrigatório para peões e ciclistas.
    Era assim que todas deviam ser sinalizadas e poderiam ter um placar nas entradas e saídas das mesmas com as regras de utilização onde se explicasse, e alerta-se, para o facto de ser um pista de utilização mista a piões e ciclistas, se explicassem regras como os piões andarem em fila indiana, um limite para a velocidade da circulação das bicicletas etc, etc. E tinha de haver fiscalização e os prevaricadores tinhas de autuados! Só assim se educam as pessoas.

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  3. Não poderia estar mais de acordo. Deixo-te aqui o que em tempos escrevi no facebook:

    Vivo numa magnífica cidade onde as pessoas desfrutam da marginal, para correr, caminhar ou passear de bicicleta.

    Que admirável poderia ser uma cidade onde peões e ciclistas pudessem conviver em harmonia, onde todos percebessem que não basta a um automobilizado autarca pintar uma bicicleta no passeio para o transformar numa ciclovia; onde os ciclistas percebessem que da mesma forma que uma rua não é uma pista de automobilismo, também uma ciclovia não é uma “pista”, como alegam gritando quando passam a alta velocidade pelo meio de peões, corredores ou caminhantes de todas as idades, pondo em risco e provocando amiúde acidentes entre caminhantes.

    Em consequência do aumento de acidentes mortais – uns mais mediáticos do que outros – juntam-se agora cicloturistas e utilizadores de bicicleta numa jornada de luta e protesto contra o desmazelo dos automobilistas, esquecendo-se que automobilistas somos todos, e ciclistas também e peões também.

    O que nós somos é portugueses, e por isso uma espécie de super-homens ao contrário, que vamos vestindo e despindo várias capas e assumindo diversas personagens.

    O mesmo peão que está preparado para insultar o automobilista se aquele não parar a 10 metros da passadeira é o mesmo que quando ao volante acelera quando cai o laranja e faz slalom entre os peões que atravessam.

    O cicloturista que se queixa dos automobilistas é o mesmo que acha normal atravessar a 30 km/h a ciclovia da marginal numa manhã de domingo, onde correm e caminham pessoas de todas as idades, onde avós levam netos a passear, onde se passeiam carros de bebés, onde crianças tentam desajeitadamente colocar-se pela primeira vez em cima de uns patins.

    O mal não está nos automobilistas, mas sim no facto de sermos portugueses. Continuemos, pois, a cuspir para o chão; a apitar, insultar e ameaçar o condutor mais próximo só porque sim; a virar sem dar o pisca; a estacionar em fila dupla, em frente de rampas, nos lugares para deficientes e em cima de passadeiras; a atirar lixo pela janela do carro; a sacudir a toalha de mesa e os tapetes à janela; a acelerar quando cai o laranja e ainda estamos a 50m do semáforo; a não parar nas passadeiras e ainda insultar o peão; a …

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    1. Só posso escrever P A R A B E N S pelo tudo que escrevestes está tudo dito

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  4. Obrigado pelos vossos comentários. Se fossem em sentido contrário ao meu, também agradecia.
    Estamos todos de acordo quanto à necessidade de maior civismo, mas realmente, parece que só aprendemos com penalizações. Enfim, lutemos com as armas que temos.
    Boas corridas!

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