O Minho é lindíssimo. O verde das serras, os rios, os cavalos selvagens, a envolvente natural cativa-nos e faz com que ali regressemos sempre que haja uma prova de montanha. Pena é que o S. Pedro, muito possivelmente por ciúme, não dê tréguas a quem o visita para provas de trail, e impossibilita quase sempre que se vejam todos estes predicados.
Quase no início, já completamente encharcado. Épico. |
Já se sabe que o Minho é chamado de "penico de portugal", tal é a quantidade vertiginosa de água que por lá cai durante todo o ano. Hoje tivemos a confirmação (como se fosse preciso) que, no Inverno, é um imenso chuveiro com excesso de pressão, que se abate sobre quem se atreve a meter os pés de fora.
Sabem o Adamastor, aquele monstro que Camões usou para descrever o Cabo das Tormentas? Pois bem, o Adamastor mudou-se para a Sta. Luzia, tendo-a tomado como sua, e atormentando todos os que se aventuraram na 2ª Edição do "seu" Trail. Quais navegadores, os atletas, hoje gladiavam-se contra os seus ventos ciclónicos e a sua chuva diluviana. Nem à vela, muito menos à bolina se podia arriscar. Só depois de mergulhados no belíssimo rio com envolvente de selva que nos levava à meta, pudemos esquecer a tormenta e desfrutar das prometidas belas paisagens que abundam naquelas bandas.
Não fosse o mítico monstro soprar violentamente, com rajadas capazes de nos fazer parar em descida, frias, acompanhadas por uma chuva gélida e torrencial, e toda a nossa memória estaria agora dirigida para as paisagens que envolvem Viana do Castelo. Houve de tudo nestes 35 km, com cada vez menos estradão e mais puro trail. De trilhos sinuosos envoltos por verde, passando por quedas de água lindíssimas com o mar como pano de fundo, e a terminar no referido rio, que nos acalmava os músculos para o sprint final na pista do Estádio Municipal, que serviu de base a todo o evento, foi um cenário perfeito. O Adamastor deu-lhe um ar de evento épico e fez sentir em todos um herói, que, quais navegadores de outrora, conseguiram dobrar tal tormenta. A organização, talvez prevendo esta crónica inspirada nos navegadores do Séc. XV e XVI, inundou literalmente os abastecimentos de laranja, não fosse algum marujo morrer de escorbuto. Mas no essencial esteve à altura.
Não havia necessidade, S. Pedro, de nos mandares tal guardião. Foi uma afronta à Sta. Luzia, anfitriã de tanto forasteiro. Passamos todas as provações.
Parabéns aos que chegaram a bom porto e aos que, não resistindo à hipotermia que tantos sentiram, se aventuraram com tais condições.
Parabéns aos que chegaram a bom porto e aos que, não resistindo à hipotermia que tantos sentiram, se aventuraram com tais condições.
Grande Rui, realmente escurboto ninguém iria ter, eheheheh! Mas, sem estes casos, não haveria o que falar, era apenas mais uma! Abraço.
ResponderEliminarDesculpem, escorbuto!
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarGosto muito de ler os seus escritos, caro amigo.
ResponderEliminarObrigado pela partilha.
Deixe-me dizer-lhe que ontem também houve dilúvio nos Montes Saloios...
Que estreia para este imberbe.
Parabéns, tu és guerreiro, amigo !
ResponderEliminarParabéns. É preciso uma grande força para fazer uma prova em condições tão extremas.
ResponderEliminarContinuação de bons treinos/provas.
Fernando Varela