Ao contrário de muita gente, e apesar de tudo, não renego as minhas origens nem tão pouco a minha formação católica. Foi isto que aqui escrevi, e reafirmo-o. Já o disse e repito: Ao contrário de muita gente, e contra o politicamente correcto, penso que a formação cristã tem vantagens. Pelo menos no meu caso, ajudou na minha concepção do ser humano e de tudo o que nos rodeia. Ajudou na busca do meu Eu espiritual. Claro que nem tudo são rosas. Há coisas na Igreja Católica, como nas outras, que fazem um homem, por muito católico que seja, perder as estribeiras. Foi este lado que me levou ao afastamento que hoje me mantém longe de todos os rituais e mesmo ideais católicos. O recente caso da excomunhão da criança violada pelo padrasto, levou-me aos píncaros da indignação. Nem eu, nem, creio, muito clérigo, aceita uma barbaridade daquelas. Não faz sentido e conduz-nos à completa descrença em relação aos homens que lideram a cúria romana lá para as bandas de Recife e Olinda.
Mas, devemos sempre dar graças (a Deus, quem quiser) por estarmos na velha Europa. Por cá ainda há tolerância. O que emana dos concílios ou das homilias de qualquer presbítero, não é já levado a sério. Mas desengane-se quem pensa que a(s) Igreja(s) já não tem influência no quotidiano das pessoas. Ainda tem, e ainda é muito. A diferença é que o povo já não vai em cantigas, e a cultura democrática existente na Europa, ajuda na hora de votar. A mesa de voto é o nosso refugio, e o dos crentes praticantes também. Embora a grande maioria das vezes não o dizerem, na hora de votar deixam Deus à porta. E fazem muito bem.
Daí eu achar que nem tudo o que é dito é bem dito, nem mal. Como diz um amigalhaço meu: É o que é! A única coisa que eu quis fazer foi transmitir uma mensagem que achei extremamente válida. No fundo, sem querer, estava a evangelizar. Todos o fazemos.
Quanto às polémicas declarações dos Cardeais no Casino da Figueira, devo dizer que, apesar de não achar o sítio indicado para o fazer, penso que tanto a polémica dos casamentos com muçulmanos, como a polémica dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo e posterior adopção de crianças por parte dos ditos casais, foram bem lançadas. Mais que não seja pelo facto de gerarem polémica e discussão pública. Pelo menos por cá, ao contrário de muitas zonas do globo, ainda se pode discutir o que bem nos apetece, e os clérigos não deverão estar impedidos de tal. Devem sim, é ser um pouco mais comedidos. O que não devemos descurar é o facto de eles terem de fazer passar uma mensagem que, normalmente, não coincide com a de toda a gente, mas, só os ouve quem quer. Eu também não gosto das opiniões de muita gente que por aí se farta de falar, fazer, ou mandar fazer. Mas tenho que levar com eles. É a vida.
Portanto, e finalmente, que o texto já vai longo, o mais importante no meio de tudo isto, com educação católica, protestante, judaica, muçulmana, ou hindu, o importante é sermos gente capaz de fazer o bem. Termos respeito pelos outros, e acima de tudo, sermos e deixar-mos serem os outros, gente livre. O Mundo é de todos nós. E como em qualquer casa, não temos que ser todos iguais, mas temos de conviver.
Boa Semana!
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