Temos como certo o destino. Ninguém escapa ao fim. Nem nada.
Todos o sabemos, não é nada de novo. O mundo, cheio de vida, é uma dança de cadeiras, ocupadas sequencialmente por nascimentos em lugares deixados vagos por quem parte.
A vida em tudo nos mostra que temos como certo o fim, embora vivamos como se aquele nunca viesse. Há-os que vivem com o epílogo no pensamento, não tirando partido, nem mesmo sentindo, o verdadeiro êxtase da existência.
Não que eu viva como um louco, em busca de diferentes experiências que me façam sentir vivo, nada disso. Acho apenas que, quando não fazemos algo, é uma parte de vida que deixamos de sentir.
Já todos nós perdemos alguém ou algo. Nada de novo.
Ontem, enquanto caminhava em direcção ao Metro, o Toni, amigo de longa data, vizinho mais velho que sempre respeitou os “putos” lá da rua, estava longe de imaginar que seria a sua ultima viagem terrena. Num ápice, num simples segundo, caiu e ali ficou. Apesar de rapidamente socorrido, de terem inclusive suspendido a circulação do Metro em toda a linha, a fim de facilitar a assistência, nada inverteu o destino do António Cunha.
Morreu com 49 anos.
É um amigo que parte, um pai que se perde, um filho que deixa os pais em dor e na angustia de verem partir quem criaram para cá deixar.
Conheci-o muito bem, privávamos conversas banais, ambições trocadas, relações falhadas, enfim, sobre tudo e sobre nada. Agradável no trato, sempre disposto à gargalhada ocasional ou ao conselho banal. Partiu.
Diziam-me hoje que havia um Padre que, nas Missas de Corpo Presente costumava dizer:
Até já!
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