Uma mulher, que não seja estúpida, cedo ou tarde encontra um farrapo humano e tenta salvá-lo. Às vezes consegue. Porém, uma mulher, que não seja estúpida, cedo ou tarde encontra um homem são e reduze-o a um farrapo. Sempre consegue. (Cesare Pavese, in Il mistiere di vivere.)
Coloquei esta frase no mural do meu facebook. É uma das muitas que li num site bastante agradável, de que uso e abuso, de onde tiro frases, pensamentos, reflexões e onde consulto fabulosos autores das mais variadas épocas.
Esta é uma das cerca de 400 do tema mulher. Podia ser do tema pessoas. Ou do tema amor.
Curiosamente não gerou tanta polémica como uma outra publicada há alguns dias, mas gerou discordância em privado.
Gostava de aqui deixar a minha opinião acerca da dita.
Acho que a vontade de salvar um farrapo humano é comum aos nativos dos dois sexos. Quanto a reduzir a farrapo, é bem possível que a causa não seja a mulher, mas sim a paixão. A paixão, a insegurança, a solidão, a ilusão, as expectativas, são tudo factores que podem fazer de uma mente sã uma espécie de farrapo.
Como me dizia uma amiga, as pessoas não sabem viver sozinhas. Quando se livram de uma relação onde não querem estar, ou de onde são levados a sair, tratam imediatamente de procurar alternativa.
Há quem diga que não. Mas não há quem o faça.
As relações levam sempre uma das partes ao ponto de desespero, seja porque não se sentem nem ali, seja porque não sentem o outro ali.
Conhecem relações perfeitas? Nem eu.
Mas daí a perceberem que o fim do amor é inevitável vai uma enorme distancia. As relações só são algo parecido com a perfeição quando deixam de importar. Quando se deixa andar só porque o outro não incomoda muito, ou que até dá jeito.
Essas são as relações normais. As que perduram. Que levam e trazem fogachos de respeito e cumplicidade que se confundem com amor. As que geram a confiança entre duas pessoas que se respeitam, amam os filhos e não têm tempo nem coragem de assumir a ruptura.
Depois há os pragmáticos, os chamados homens ou mulheres de uma relação só. Aqueles que se separam antes de se tornarem farrapos, que antecipam o futuro da relação e precipitam o fim. Com determinação saltam de relação em relação até atinarem com a enfermeira, ou com o geriatra que os acompanhará até ao fim dos dias.
Esse é o poder que todos têm, a bomba atómica da relação.
Assim tenham a coragem de carregar no botão.
Senão, passam a vida a viver em guerra-fria…
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