Há-os por cá aos magotes. São muitos.
Ontem fui a uma Missa de 7º dia. Já não ia há algum tempo a uma celebração tão prepotente, tão cheia de mensagens de humildade e tão inócua de significado se dali tirar a homenagem a quem tinha morrido.
Sou uma espécie de católico informado. Os católicos, como os comunistas e outras religiões, quando tomam conhecimento mais aprofundado da realidade, chegam rapidamente à conclusão que acreditam numa verdade piedosa. Dizem-nos maravilhas de um mundo que não somos capazes de mostrar, mas que fielmente tentamos apregoar.
A Igreja, ou melhor, o edifício onde foi celebrada a dita eucaristia, não tem acessos para pessoas portadoras de deficiência. Física, entenda-se.
O Padre, mostrando-se como um igual, apenas pastor do rebanho (nesta fase senti-me com frio, estranhando a ausência de lã), senta-se numa cadeira imponente e elevada em relação aos seus 10! acólitos. No exterior grandes cartazes anunciam que as obras da igreja ainda não foram pagas; esqueci-me de perguntar se tinham sido ali colocados pelos credores se pelo dito padre. Padre que tinha ar de poupado. Apresenta uma farta cabeleira com calvície frontal a espelhar os seguramente mais de 60 anos. Com dificuldade de locomoção devido à obesidade aparente, orava com acentuação grave de duas em duas palavras na tentativa de mostrar a seriedade da mensagem.
Há pouco, vi na televisão as várias mensagens de esquerda, inimputável como a igreja, que apela à greve com o mesmo sentido sério e crente de quem se sente capaz de mudar porque sim.
Todos por cá se vangloriam da cimeira que organizaram. As festas correm sempre bem em Portugal. Faltaram foi os cartazes a anunciar que ainda nada estava pago, podia ser que assim nos ajudassem com alguma coisinha.
Portugal parece a casa de um qualquer bom vivant que, apesar de descapitalizado, continua a fazer festas e viagens lúdicas.
Continuam os nossos governantes a dizer que não precisamos da ajuda de ninguém, muito menos dos especuladores, outrora investidores informados do nosso radiante futuro.
A mim, que sou imputável, ainda me vão chamar infame pagão. E logo eu, outrora futuro pastor de um qualquer rebanho de reformados e incautos em busca de uma salvação que este mundo já não pode garantir.
E os inimputáveis continuam em alta, porque quando a crise aperta, tanto no tempo que parece restar como no dinheiro que aparenta faltar, qualquer vendedor de sonhos ganha áurea de salvador.
P.S.: Honra seja feita aos padres da Diocese de Braga que, a pedido do Bispo, acederam a doar um vencimento para ajudar os que mais precisam. Quero também afirmar que nem todos os padres são assim, nem todos os de esquerda são também assim. Mas que a floresta encobre as boas árvores…
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