terça-feira, março 31, 2009

A verdade da mentira

Ouvi hoje num programa de rádio, que, e apesar de muitos o negaram, todos mentimos. A mentira, está cientificamente provado, é parte integrante do homem enquanto ser racional e social. Há sempre quem diga que não mente, excepto quando a mentira é para o bem de alguém: a chamada mentira piedosa. A verdade é que mesmo essa não deixa de o ser.

A mentira é, convenhamos, o melhor dos expedientes existentes em qualquer relação. Quando o marido chega a casa depois de tomar um cafezinho com a colega de trabalho, se disser a verdade, por muito que as meninas digam que não, está a meter-se num sem fim de trabalhos. Isto para não analisar quando em lugar de um café é uma tarde inteira. E quando o caso é a mulher que não conta ao marido? É infinitamente mais seguro, em todos os aspectos, não contar. Nós homens pomos maldade em tudo, não fossemos nós maliciosos por natureza.

Imaginem que o chefe vos pergunta por qualquer coisa que já devia ter feito e ainda não fez; não lhe diz com certeza a verdade, tipo: “esqueci-me!…”, ou então “tenho coisas mais importantes para me preocupar”. Não, normalmente dizemos: “estou a tratar disso”, ou “não me esqueci, ainda não tenho resposta mas vou ter em breve”. Não que o chefe ou patrão mereça que mintamos, não é isso. O facto é que é uma mentira que mantém as expectativas ao nosso superior, o que sempre nos dá margem para executar a tarefa com mais determinação. Determinados somos mais eficazes. E mais atentos. E o facto de mantermos um segredinho faz-nos sentir vivos, faz-nos pensar nas mentirinhas (que não deixam de ser mentiras) que temos que engendrar para não sermos descobertos. Pensem na quantidade de mentiras que dizemos todos os dias. A grande maioria não tem maldade nenhuma, antes pelo contrário. Não dizemos que a comida estava horrível, ficamos pelo mais ou menos. Não dizemos que o sexo foi mau. Não dizemos que alguém é muito feio, ensinam-nos a dizer que é diferente, ou bonito por dentro. Não dizemos que gostamos de aventuras, apenas que somos fieis. Fiel é o bacalhau! Nós somos mesmo é mentirosos. Todos sem excepção!

domingo, março 29, 2009

Nortadas

Ontem começaram. Não, não foi com o jogo de Portugal com os altos, loiros e pouco toscos suecos, foi mesmo o vento que se tornou forte de noroeste, intenso e gelado, sem dar tréguas. Fez com que a minha corrida de hoje fosse adiada para a manhã de amanhã. Vicissitudes do clima de quem vive à beira-mar. Contudo, também estes dias têm coisas boas, como o facto de os transeuntes da marginal se transfiram para os variadíssimos Shoppings  do grande Porto. Estranhos hábitos que esta gente tem, enfiam-se num carro com a família mais o coitado do cão, e sem destino definido, ocupam o Domingo com um ritual medonho de vai-e-vem sem sentido. Quando os dias estão como esteve  o de hoje enfiam-se num centro comercial a ver as montras. Até na educação e na cultura poupámos nos tempos da outra senhora. Os Museus, as bibliotecas, os teatros ou os livros por si só, são vistos como meios de estudo, autênticos lugares de “grande seca”, que, ou já visitaram aquando da escolaridade obrigatória, ou, visitam quando se trata do museu do clube, onde estarão guardadas as roupas interiores usadas numa qualquer conquista. Triste povo que não procura o conhecimento como forma de desenvolvimento e enriquecimento pessoal. É o que há. O povo e as nortadas.

sábado, março 28, 2009

Como tornar-se doente mental?

Este título, confesso, é plagiado. É o título de um livro que devorei em menos de 4 horas. Obra de um psiquiatra renomado, com várias publicações sobre o exercício da medicina psico de seu nome José Luís Pio Abreu. Este senhor, apercebendo-se da quantidade de obras que mostram variadíssimas terapêuticas para as diferentes patologias do foro psiquiátrico, e das vastas experiências de tratamentos falhados, optou por identificar as patologias conhecidas e conota-las comportamentalmente. Através dos vários sintomas, decifrou os caminhos a seguir para que qualquer comum mortal seja diagnosticado como doente mental. O livro funciona como uma vacina, um alerta para uma série de características que são indiciadoras de doença mental. Não diz que todos o somos, mas diz claramente que todos podemos ser facilmente conotados com aquelas patologias. Confesso que é aterrador verificar, como eu verifiquei, que para todos os tipos de doenças do foro mental, temos alguém, que conhecemos, que ligamos aos sintomas. Eu, identifiquei-me com uma das patologias, o que me leva a pensar que, embora  ainda não me sinta doente, tenho já identificada a maleita.

Como todos temos personalidade, todos temos passado, todos temos manias. Todos temos tendências para coisas que nos transmitem na educação, na nossa formação. Somos tendencialmente parecidos com o que nos ensinam, é um facto. Depois, a nossa cabeça faz o resto. Leva-nos pelos caminhos que decidimos trilhar, chama-se a isto livre arbítrio. É o que eu mais prezo a liberdade que nos fizeram o favor de oferecer, o direito à escolha e a decidir o que achámos melhor, ou que mais nos apraz.

Quanto ao livro, aconselho a sua leitura. Mais que não seja para levarmos o diagnóstico àqueles de quem gostamos e com quem nos preocupamos. Inclusive a nós próprios. Ensina-nos, ainda, a consciencializarmo-nos que a principal terapia somos nós mesmos.

Eu acho que, se não mudar, como bom número 1 que sou, a minha doença mental está entre a obsessão compulsiva e a psicose maníaco-depressiva (agora chamada de doença bipolar – a doença dos génios), mas como não cumpro os requisitos necessários para estar já enfermo, vou tentando controlar tal tendência.

Mantenham-se mentalmente saudáveis, controlem a vossa loucura. Lembrem-se que de médico e de louco, todos temos um pouco.

sexta-feira, março 27, 2009

Musica de sempre e para sempre

Não sou muito destas coisas de publicar coisas de outros no meu blogue, mas, como esta musica é muito mais que fabulosa e uma das musicas da minha vida, aqui fica a homenagem. Há gente que quando canta pára o mundo. Esta musica paralisa-me  todos os músculos, fico inerte, estático a ouvir e a apreciar. Apreciem também.

quinta-feira, março 26, 2009

Sem culpa

Eu não tenho. Acho que por cá ninguém tem. Eu, não fujo à regra, estou inocente.

Hoje, dia em que soubemos que os “culpados da crise têm olhos azuis e são brancos”, diz o Lula, soubemos também que duas figuras caricatas da nossa pitoresca equipa de cromos ligados à política, estão igualmente inocentes. Um diz que o dinheiro que tem na Suíça (cerca de 400 mil €), são sobras das campanhas eleitorais. O outro foi absolvido das acusações que sobre ele pendiam, tendo-se insurgido contra a comunicação social pela campanha que contra ele exerceu.

Eu gostava de saber porque é que a mim, que não sou louro, não me sobra nada. Gostava que os jardineiros da Câmara do Marco me viessem cá tratar do jardim e pintar as paredes. Gostava que me absolvessem depois. Gostava de fugir ao fisco e não ser condenado por isso. Gostava de concluir um curso superior num fim-de-semana, de preferência por e-mail, que eu não tenho fax. Gostava de poder ir até ao Brasil com os velhinhos cá da Freguesia, para que os pobres da sociedade pudessem usufruir das coisas boas da vida. Enfim, gostava de ser profissional da política, os intocáveis. Eu até sou branco, só não tenho é olhos azuis…

quarta-feira, março 25, 2009

Bora emigrar?

É a solução. Hoje ouvi a triste notícia que daqui a 5 anos, mais precisamente em 2014, o país vai à falência. Parece que é quando começamos a pagar tudo o que foi construído, de borla (na altura), no tempo do Sr. Engº que fugiu para casar com outra.

Imaginem o quanto têm que aumentar os impostos para cobrir a despesa que aí vem. A nossa dívida ao exterior é equivalente a 97% do PIB.

Agora imaginem que os senhores que são donos do PIB decidem ir embora. Acho que o melhor é iniciar, JÁ!, uma campanha de charme para que o Sr. Belmiro (conhecido merceeiro – Sonae) e o Sr. Américo (conhecido rolheiro, agora petroleiro) não fujam. Caso saiam baixa o PIB para um número anedótico.

A solução é emigrar. Vou começar a averiguar junto das instituições financeiras qual a nação que mais nos emprestou dinheiro para fazer as tais obras de borla. Vou para lá em Dezembro de 2013. Quem cá ficar que pague.

Aceitam-se inscrições para a viagem. Contactem o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Digam que querem fugir, eles ajudam. Se não ajudarem ameace-os com o pedido do subsidio de desemprego!

O presente

Presente, tempo verbal. Sim porque o presente, ou o tempo presente, a partir do momento que o mencionámos, já passou. Parece complicado mas não é. Nós somos o nosso passado, com ambições para o futuro (ou não), mas o nosso presente não existe. Existe é uma rotina, ou uma vivência comum a muitos outros. É uma soma de muitas experiências que nos faz como somos e nos projecta para o futuro, só não temos é presente. E com a crise, já nem o futuro é certo…

Penso, melhor, pensei, agora escrevo. Acho que devíamos reclamar outra oportunidade. Mas com toda esta bagagem de vida. Regressávamos com maturidade e experiência suficientes para fazermos as escolhas que mais nos aprazem. Era estranho, mas, ou tínhamos depressões com 3 aninhos, ou tínhamos uma vida à nossa maneira. Não que me arrependa da maioria das minhas escolhas (sim, as escolhas são sempre nossas, embora condicionadas pelo destino), mas, sempre aperfeiçoava algumas. Talvez o meu presente fosse melhor, ou pior, seria com certeza diferente.

Mas, e ao contrário da maioria, eu até gosto do meu. Devo andar com o passo trocado. Estão na moda as depressões, seja porque não existe identificação com o presente onde chegaram, seja porque não almejam futuro da vida, ou mesmo porque, depois de um processo de amadurecimento, chegaram à conclusão que tudo isto um dia acaba. O que a vida mais tem de fantástico é mesmo o presente que não é. Já foi. Mas o que tem de mais misterioso e que a torna apetecível é o desconhecimento do futuro. Para a frente tudo é permitido. Os sonhos não pagam imposto, não são proibidos e  nunca são demais. Sonhemos então para o futuro porque este presente, amanhã, já é passado.

sábado, março 21, 2009

Compreensão ou Amor?

Vista assim a questão parece evidentemente feminina, mas não. Sou eu mesmo que divago sobre tal interrogação.

Porquê? Porque num destes dias, enquanto falava com uma amiga, e depois de um momento de azia da parte da dita, desabafei que não estava a perceber tal agressividade. Disse-me que não, que estava a ser normal, o que me assustou ainda mais. No dia seguinte disse-me que, e cito, “as mulheres não devem ser compreendidas, mas sim amadas”. Penso que a citação está correcta, embora admita uma ou outra falha na transcrição. Parece que a frase deve ser respeitada. Eu respeito, mas discordo. A mulher, quando esposa, provavelmente deve ser tratada como tal, com alguma compreensão que advém da cumplicidade existente no casal. Cumplicidade e respeito que, chame-se ou não amor, faz com que algumas atitudes que não pareçam compreensíveis, se tolerem. Agora, amar incondicionalmente é que não! Respeitar, compreender, agradar, tudo bem. Mas se não for mutuo não presta, até porque não há bela sem senão. Quem encontra todos os predicados exigidos na sua cara-metade que desconfie. Quando a esmola é grande…

Assim, e muito sinceramente, acho que era incapaz de amar sem compreender. Deve ser defeito, mas até nisso vejo as mulheres como semelhantes ao homem. Não têm exclusivos no plano intelectual. Ficam-se pelos exclusivos que lhes são conhecidos e reconhecidos por quem quer reconhecer.

Quanto ao amor, na minha modesta opinião, é completamente independente da compreensão. Nem tão pouco implica compreensão. Não é por acaso que o amor tem muito de irracional e para compreender tem, obrigatoriamente, de partir do raciocínio.

Porque será que os emoticons não têm cabelo?

Boa pergunta, não acham?

emoticons

O certo é que não têm. O cabelo não transmite estados de espírito, sendo esse o principal efeito pretendido num emoticon. Ou transmite? De certa forma sim, quando há ausência de cuidado. Ou pelo menos é um indicador da saúde ou sua ausência, da higiene, etc.

As pessoas são muitas vezes avaliadas por aspectos exteriores ao motivo da avaliação, e, o cabelo é das coisas mais avaliadas. Bem como as mãos. Caso se queiram dar ao trabalho, comecem a reparar mais nas mãos das pessoas. Observando com atenção, facilmente aquilatámos a sua área de actividade. Um trabalhador rural, ou um trabalhador da construção não tem as mãos no mesmo estado que um empregado de escritório. Um mecânico distingue-se facilmente de um padeiro.

O cabelo também nos distingue. Só não distingue os emoticons. Estes nasceram carecas. Quando muito usam umas sobrancelhas mais carregadas.

Enfim, banalidades…

domingo, março 15, 2009

Inquéritos

 

O JN tem na edição online o seguinte inquérito:

Inquérito

O governo proibiu os "call centers" de fazerem o consumidor esperar em linha mais do que 60 segundos. Já esteve à espera que o atendessem mais do que esse tempo?

 

Deve ser para rir. Eu acho que nunca esperei foi menos que o tempo que dá o nome aquele programa do Sr. Mário Crespo, o 60 minutos. O JN já nos habituou ao oásis, qual imitador do Povo Livre, em que vivemos sempre que o País, ou seja o que for, é governado pelos homens do partido da rosa. Agora é a vez da campanha eleitoral pró-Elisa. Valha-nos o povo, que não é parvo…

sexta-feira, março 13, 2009

"Starting Over Show"

Do Inglês, começar de novo show.

Ele há com cada maluco! Não é que este título se refere a uma feira dedicada em exclusivo ao divórcio? Quem diria, a imaginação das pessoas não tem mesmo limite.

A feira, vista como uma janela de oportunidade para advogados, detectives privados, astrólogos e, pasme-se, conselheiros matrimoniais. O evento decorrerá em Brighton, uma famosa estância balnear inglesa. Famosa estância balnear inglesa???? Então a famosa não é Albufeira? Adiante…

A organizadora do certame, promete uma palavra de apoio para os, deduz a senhora, tristes solitários. Oferece a todos os visitantes uma fatia de bolo caseiro e um chazinho. Há serviço de babySitting e sessões de autógrafos de vários escritores. No fundo, serve para mostrar os aspectos positivos de uma separação.

Cara senhora: Homem que se divorcia não precisa de taróloga, astróloga ou de um conselheiro matrimonial! Não posso falar pelas mulheres, mas para nós é melhor darem cervejinha e tremoços. Já que vamos continuar a ganhar barriga, que seja com o néctar preferido cá da malta. E quanto ao serviço de babysitting, arranjem antes serviço de massagens. A malta depois da separação fica meia tonta e muito tensa também. Isto é que é o positivo do divórcio.

Vai ver que assim, a feira será um sucesso!

Deixem construir as cegonhas!

Parece que hoje, em Santa Marta de Portuzelo, um dono de uma fábrica desactivada há já 30 anos, decidiu tomar medidas para afugentar as ditas da sua chaminé. O casal de aves decidiu mudar a família para a sua propriedade e fazer ali o ninho para as crias. Ora, como a fábrica está encerrada há tanto tempo, o homem decidiu que ali ninguém constrói merda nenhuma. Era o que faltava! Fechou, está fechado. Ninguém tem o direito de fazer daquilo um lugar feliz.

As cegonhas são já uma atracção lá na terra, tendo um habitante que emprestar várias vezes os seus binóculos para uma melhor observação. Diz o Presidente da Junta que são animais em vias de extinção, eu também acho. Os senhores das finanças também acham, vide a baixa da taxa de natalidade. Daí ter, o Sr. Presidente, sido obrigado a chamar a GNR, que ainda não se deslocou ao local, desconhecendo-se assim, o epílogo de todo este episódio. Esperemos que prendam o prevaricador, que, na minha opinião é o pai cegonha. O moço não tinha nada que ocupar propriedade privada. Curioso é o facto de toda a população ter conhecimento do caso, excepto a GNR. Atentos como sempre aos crimes mais graves, os rodoviários, parece que não tinham ainda reparado nas cegonhas.

quarta-feira, março 11, 2009

O desleixo do casamento

Hoje vou dissertar sobre esse mágico contrato que leva as pessoas à engorda. É raro o moço que casa e não engorda. Pelo menos os que conheço, ou passam os anos no incha e desincha, ou incham e já não conseguem desinchar. Eu por cá continuo no enorme esforço da desincha.

Nós homens adoramos experimentar comidas diferentes. A da mãe, a da tia, a da esposa, a deste restaurante ou daquele. Achamos giro, e realmente tem o seu quê de encantador. É um dos prazeres da vida: Comer.

Vai daí que, como o desejo de qualquer esposa é agradar ao marido, dedicam-se a fazer-nos os nossos pratos preferidos. Salvo raras excepções daqueles casos em que as meninas não sabem cozinhar, e aí quem cozinha é o marido, elas prendem-nos, também, pela barriga. Sim porque depois de a ganhar já se torna muito difícil perde-la. Hão-de reparar que a malta quando se divorcia emagrece.

Eu ando há já algum tempo num esforço titânico no sentido descendente do ponteiro da balança. Consegui perder alguns quilitos extra, mas, quando deixei de fumar, desisti de me pesar. Achei que me iria martirizar escusadamente. Um médico amigo dizia-me que, ou emagrecia, ou deixava de fumar. Vai daí, e como decidi arriscar, desisti de me pesar. Comecei a correr. Agora corro, tipo Forrest Gump, sem destino. A única diferença é que eu não tenho o dia todo livre, vai daí só corro meia horita por dia.

Comecei a desinchar. Como ainda me falta muito para chegar à silhueta que tinha aos 25 anos, vou continuar a correr, e a comer ao pequeno-almoço e ao jantar o segredo. Sim, eu tenho como ementa ideal um segredo. Se assim não fosse, por muito que corresse, com a cozinheira que há cá em casa, nunca mais emagrecia.

Além da barriga, nós gajos, temos o desplante de nos deixarmos transformar no maior dos horrores que elas possam imaginar. Desleixámos-nos  em quase tudo. Transformámos o príncipe encantado no que elas mais temem, o sapo.

Devíamos fazer ao contrário. Talvez melhorar com o tempo, mas isso, só acontece com o Vinho do Porto. Mas tentámos, eu pelo menos estou a tentar. Comecei pela barriguita, daqui por uns anos passo a ferro. Ou não…

segunda-feira, março 09, 2009

Coisas curiosas do meu dia...

Hoje passei por algumas peripécias que gostava de partilhar. A primeira foi o facto de ter visto no Restaurante onde fui almoçar (Grottini, em Gaia, junto ao El Corte Ingles) entre outras revistas disponíveis para leitura, um guia das Funerárias Portuguesas. Acreditem, foi meio caminho andado (tipo código postal), para me lembrar que um dia vou com os porcos, e imediatamente pedir um belo de um vinho tinto. Quando for, vou com muitos prazeres da vida, aquele também já ninguém mo tira.

Não vos aconselho aquele tasco para comida italiana. Se gostam vão antes ao Caruso, na Póvoa de Varzim. Tem uma Lasanha, (e não só), formidável. Quando me dizem que há um Restaurante italiano bom, faço questão de experimentar, mas, até à data, não encontrei melhor que o Caruso, passe a publicidade. E além do mais, diga-se que um Guia das Funerárias não é da melhor literatura para entreter antes de chegar a comida. E a lasanha era foleira.

Outra das curiosidades do dia foi uma notícia que li na Internet, que chega de um daqueles países tolerantes, que tem como Lei uma qualquer palhaçada religiosa inventada (ainda vou ser condenado como o Rushdie. O que vale é que tenho menos audiência…) por um ressabiado que achava que a mulher era electrodoméstico. Sim, a mesma lei, tolerante e moderna que o Hamas quer implementar na Palestina. A lei que diz que a mulher deve andar tapada na rua, não deve olhar de frente para outros homens que não o marido, não pode conduzir, nem fumar, nem beber o que lhe dá na gana. Nem pode dizer mal do líder religioso lá da terrinha. Casa com quem o Pai combinou, nem que seja de arrasto. Pode ser vendida pelo Pai, ou oferecida. Essa dita lei, que já condenou uma miúda, que foi violada, a pena de prisão por ter relações sexuais com um homem que não o marido. Parece que além da pena de prisão (5 meses), foi-lhe também imposto um castigo corporal. Coisa pouca, apenas 300 chicotadas para aprender a ter cuidado com quem a viola. Só pode ser o marido. Ah, e a violência doméstica é coisa que não existe por aquelas bandas. Por lá é um direito do homem e restantes homens da família, caso o moço esteja a precisar de ajuda, ou ache que se for só ele a bater, a coisa é muito leve. Afinal, os homens em grupo são sempre mais animalescos, tentam mostrar-se mais machos que os demais. Eles ainda acham a mulher um ser menor. Não se limitam a não as deixar votar, impedem-nas de viver em liberdade. Por lá ainda não se fala de direitos, elas ainda nem sequer têm deveres. São meros instrumentos de procriação e de uso doméstico.

Vai daí, uma idosa de 75 anos, recebeu em sua casa dois homens que não são seus parentes de sangue. Um deles, que foi por ela amamentado, levou-lhe algumas oferendas (pão, parece), porque, passava por perto e quis visitar alguém que considera como uma Mãe. Como ia com um amigo, achou normal que o acompanhasse. Um foi condenado a 5 meses de prisão e 50 chicotadas, o outro, o que não era para ali chamado, a 6 meses e 60 chicotadas. A velhinha foi condenada a 40 chicotadas!!!!

A sentença foi decretada por um Tribunal. As partes estão a ponderar recorrer a instâncias superiores. Visto assim, até parece normal. Pelo menos têm direito a recorrer.

Ainda há quem diga que os da Igreja Católica é que são intolerantes. Ou não, digo eu.

Homilia 2

Ao contrário de muita gente, e apesar de tudo, não renego as minhas origens nem tão pouco a minha formação católica. Foi isto que aqui escrevi, e reafirmo-o. Já o disse e repito: Ao contrário de muita gente, e contra o politicamente correcto, penso que a formação cristã tem vantagens. Pelo menos no meu caso, ajudou na minha concepção do ser humano e de tudo o que nos rodeia. Ajudou na busca do meu Eu espiritual. Claro que nem tudo são rosas. Há coisas na Igreja Católica, como nas outras, que fazem um homem, por muito católico que seja, perder as estribeiras. Foi este lado que me levou ao afastamento que hoje me mantém longe de todos os rituais e mesmo ideais católicos. O recente caso da excomunhão da criança violada pelo padrasto, levou-me aos píncaros da indignação. Nem eu, nem, creio, muito clérigo, aceita uma barbaridade daquelas. Não faz sentido e conduz-nos à completa descrença em relação aos homens que lideram a cúria romana lá para as bandas de Recife e Olinda.

Mas, devemos sempre dar graças (a Deus, quem quiser) por estarmos na velha Europa. Por cá ainda há tolerância. O que emana dos concílios ou das homilias de qualquer presbítero,  não é já levado a sério. Mas desengane-se quem pensa que a(s) Igreja(s) já não tem influência no quotidiano das pessoas. Ainda tem, e ainda é muito. A diferença é que o povo já não vai em cantigas, e a cultura democrática existente na Europa, ajuda na hora de votar. A mesa de voto é o nosso refugio, e o dos crentes praticantes também. Embora a grande maioria das vezes não o dizerem, na hora de votar deixam Deus à porta. E fazem muito bem.

Daí eu achar que nem tudo o que é dito é bem dito, nem mal. Como diz um amigalhaço meu: É o que é! A única coisa que eu quis fazer foi transmitir uma mensagem que achei extremamente válida. No fundo, sem querer, estava a evangelizar. Todos o fazemos.

Quanto às polémicas declarações dos Cardeais no Casino da Figueira, devo dizer que, apesar de não achar o sítio indicado para o fazer, penso que tanto a polémica dos casamentos com muçulmanos, como a polémica dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo e posterior adopção de crianças por parte dos ditos casais, foram bem lançadas. Mais que não seja pelo facto de gerarem polémica e discussão pública. Pelo menos por cá, ao contrário de muitas zonas do globo, ainda se pode discutir o que bem nos apetece, e os clérigos não deverão estar impedidos de tal. Devem sim, é ser um pouco mais comedidos. O que não devemos descurar é o facto de eles terem de fazer passar uma mensagem que, normalmente, não coincide com a de toda a gente, mas, só os ouve quem quer. Eu também não gosto das opiniões de muita gente que por aí se farta de falar, fazer, ou mandar fazer. Mas tenho que levar com eles. É a vida.

Portanto, e finalmente, que o texto já vai longo, o mais importante no meio de tudo isto, com educação católica, protestante, judaica, muçulmana, ou hindu, o importante é sermos gente capaz de fazer o bem. Termos respeito pelos outros, e acima de tudo, sermos e deixar-mos serem os outros, gente livre. O Mundo é de todos nós. E como em qualquer casa, não temos que ser todos iguais, mas temos de conviver.

Boa Semana!

sexta-feira, março 06, 2009

Homem no Arame

Parece que estreia esta Sexta-Feira um filme com este nome. Retrata a maior e mais arriscada proeza feita no Século XX, no campo do espectáculo. Um tolinho, com a ajuda de alguns cúmplices, prepara a travessia, em cima de um cabo de aço, dos mais de 400 metros que distavam entre as duas, desaparecidas, torres do WTC.  Claro que, quando chegou ao fim, foi preso.             

Nunca percebi a atracção que algumas pessoas têm pelo risco. Parece que o fascínio pelo abismo, é apanágio de gente que, ou não tem nada a perder, ou não encontra outra forma de figurar nos cardápios da história. Que pensará um tipo destes? O que o faz subir um dos edifícios mais altos do mundo e achar que não cai? É tanta a confiança que até mete medo.  Mas, ao próprio, parece que medo é palavra que está ausente do seu dicionário. E o homem não caiu. Equilibrou-se.

A nossa vida também é assim. Temos medo, assumimos os riscos das nossas decisões, e, normalmente, não caímos. Somos, quase sempre, craques a manter o equilíbrio. Eu pelo menos, sou um ás. Ando sempre no arame. No trânsito, como quase toda a gente que conheço que faz a barbaridade de KM’s que eu faço, raramente passa um dia sem queimar um vermelhinho, ou um ligeiro excesso na velocidade (nunca muito), um abrandar em lugar de parar num qualquer stop. Quem não o faz? Todos, num certo limite, e com alguma consciência. Às vezes quando penso nos riscos que tomo, até me arrepio. Mas, de todos os que me vêm à memória quando neles penso, nada se aproxima à circunstância bizarra daquele infeliz que morreu na área de serviço da Mealhada. Podiam dar um título a um filme do Hitchcock (tipo, “O homem no Multibanco”) com a fatal circunstância que nem esse mestre do terror era capaz de imaginar tal, horrendo, enredo. Apesar do medo que nos suscitam as situações mais contranatura, a grande maioria das circunstâncias trágicas são as mais absurdas que podemos imaginar. Andamos no arame sem termos essa consciência. E às vezes caímos.

quarta-feira, março 04, 2009

Queridos Anos 80

Noutro dia, enquanto navegava pela criação mais incrível (entre outras) dos últimos anos, a Internet, deparei-me com uma série de rádios on-line dedicadas aos idos e saudosos anos 80. São rádios com um enorme sucesso, parece que devido à qualidade da oferta proporcionada. Confesso que também fiquei, e sou há muito, fã de tudo o que é relativo a tempos idos. Na música e noutras coisas que nunca mais voltaram a ser como foram nos ditos anos. A ausência de responsabilidade que me preenchia o ego, a ansiedade que me fazia desejar o acelerar dos dias para rapidamente almejar o que os meus irmãos mais velhos já tinham. As namoradas, como todas as relações naquelas idades, fugazes. As amizades, puras. Sim, PURAS! Porra, no nosso tempo para se ter um amigo e manter a amizade era necessário espírito de sacrifício e gostar mesmo do amigo. Não se podia mandar um sms para lembrar-lhe fosse o que fosse, tínhamos que nos encontrar. A tecnologia na altura cingia-se a agulhas mais ou menos duradoiras, ou a gira-discos com mais ou menos opções de rotação. Lembro-me que um disco riscado era impossível de recuperar, não havia disco de segurança que nos salvasse. Estávamos na era do Beta e na alvorada do VHS. As sessões de home-cinema, eram reuniões de amigos em casa de alguém que, ou era apaixonado de cinema e tinha todas as novidades, ou alugávamos um filme num vídeo-clube e a despesa era dividida depois de somar a conta da mercearia (pipocas só se fossemos nós a fazer e a malta preferia batatas fritas e cervejinha). De vez em quando lá íamos em grupo a uma qualquer estreia cinematográfica ao Batalha ou ao Coliseu. O Pedro Cem e o Charlot tinham as melhores poltronas e o preço era mais acessível no Terço.

Enfim, era tudo mais puro. Não havia tanta tecnologia, mas já havia alguma, a suficiente talvez. Já víamos televisão mas não tanta como os miúdos hoje em dia. Tínhamos computadores (lembram-se do ZX Spectrum?) que funcionavam com o gravador mais velho lá de casa, o “animal” só arrancava depois de ouvir uns ruídos parecidos com ausência de sinal de TV. Tudo era motivo de partilha. A partilha existia sem ser em ficheiros. Dávamos os parabéns pessoalmente, ou por carta, mas neste caso estávamos sujeitos a que o postal chegasse depois da data. Havia menos ajudas mas tudo era mais puro. Até a música.

domingo, março 01, 2009

Homilia

Tenho formação orientada desde petiz por gente marcadamente católica. Os meus pais proporcionaram-me o Baptismo, primeiro Sacramento da Igreja. Toda a minha família é Católica, e eu não renego as minhas origens. Acho que os pais devem fazer aquilo que pensam ser o mais correcto para a formação dos filhos e os meus acharam por bem educar-me na Fé e Religião Católica. Antes de tudo o demais, em casa, estava a Religião. Rezávamos o Terço, íamos à Missa, à Catequese e cumpríamos todos os passos referentes às diversas épocas, ou Tempos. No Advento e Quaresma, Tempos de preparação, fazíamos jejum (de carne, que nós somos de muito alimento) nos dias indicados e cumpríamos os preceitos cristãos da purificação da Alma e do Espírito para melhor recebermos o Santo Menino ou o Cristo Ressuscitado. No período quaresmal, que iniciamos na última Quarta-Feira (chamada de Cinzas), começa a preparação dos católicos para a Paixão de Cristo. Aqui começa a coincidência com o fim-de-semana que agora acaba. São três dias de entrega, de meditação e de oração pelo sofrimento que levou Cristo à morte na cruz. Em Espinho, desde Sexta-Feira, decorre o Congresso do PS. Também são três dias, não de Oração, mas apenas de consagração de um líder mais parecido com um qualquer ícone religioso. Não é apelar ao sacrilégio, mas façam um exercício de comparação com a Igreja e provavelmente encontram na mensagem que de lá sai mais sinais de incompreensão, de intolerância ou de sobranceria, do que aquela que muitos têm como próprias de seguidores de um Messias. Aprendi que Cristo (Sócrates pensa o mesmo) foi incompreendido, quase sempre injustiçado e, por fim, sacrificou-se pela humanidade. O nosso Primeiro-Ministro acha que é perseguido por alguma Comunicação Social, sente-se o salvador do País, embora nos esteja a enterrar. O homem prepara o partido, qual concílio, para as “batalhas que se aproximam”. É esta sobranceria, esta intolerância, este sindroma de calimero que me faz ser contra estes gajos. Acham sempre que a critica é fugaz e injusta. Tudo o que fazem é para o nosso bem, nós é que somos uns mal-agradecidos e não compreendemos o alcance da bondade do moço. Pelo menos na Igreja ensinavam-me o valor da tolerância (embora por vezes deturpado), não era apanágio dizer mal de todos os demais credos para justificar os males do mundo. Não justificavam  os erros com as outras Religiões. Esse tempo na Igreja, felizmente, pertence ao passado da, pesada, herança que trazemos desde a inquisição e das cruzadas. Difícil é admitir que há algo de errado, mas isso é comum a todos os dogmas.

Daí eu preferir tudo o que é dogmático. É assim, discute-se, mas pouco, ou nada. Melhor, medita-se mas a meditação tem orientação para o dogma. É um meio para atingir uma resposta que, para quem defende o dogma, é obvia. Estes defensores das verdades ditas de esquerda, que se acham mais tolerantes que outros, que apelam ao combate contra os papões do absolutismo (de direita, ou de esquerda, como quando se trata de combater o comunismo), quando se vêm no poder, ganham os tiques que criticam nos outros. Prefiro os que não escondem em vez dos que apregoam mas, quando nos lugares de decisão, fazem o contrário. Acho que não se deve premiar a mentira.

Quanto à Quaresma, acho útil e bastante mais assertiva do que a mensagem dos nossos governantes, a mensagem do Bispo do Porto, D.Manuel Clemente, divulgada no Youtube e que aqui vos deixo para avaliarem.

É por estas e por outras que ainda penso a Igreja Católica como a mais democrática do mundo. As portas não se fecham a ninguém, tudo se pode discutir e não se pergunta a religião de quem se vai ajudar. Esta mensagem pareceu-me mais importante de divulgar e avaliar do que aquelas que saem do Congresso do tal Partido. Está aqui um dos bons exemplos que há naquele credo. Este é um dos legados de Cristo na Terra – solidariedade para com os que precisam. Foi isto também que eu aprendi com os meus pais. Lá em casa o jejum sempre fez sentido. O jejum era sempre o de abdicar de algo que gostássemos muito, em favor de alguém que precisasse mais do que nós. Não faz sentido jejuar apenas carne, apenas pelo mecanismo de não comer isto, mas comer antes aquilo. Torna-se numa simples troca de caprichos. Faz mais sentido a forma a que apela o Bispo do Porto. Jejuemos a favor de quem mais precisa.