Escrevo enquanto observo, espantado, a quantidade imensa de carros que circula por esta marginal de Gaia.
As conversas dentro dos carros devem resumir-se ao preço dos combustíveis, à crise que assola o ocidente em geral e a Europa em particular, em que Portugal se destaca.
Sinceramente sinto-me um estranho na minha terra. Em todos os sentidos.
Sinto-me na obrigação de ser um exemplar cidadão. Cumpro os meus deveres cívicos e não deixo nunca de ser civilizado.
Separo o lixo, não caminho por cima das dunas, não destruo mobiliário urbano, paro nas passadeiras, cedo passagem no trânsito, lugares nos transportes públicos e até sou dador de sangue.
Não compreendo como podem as pessoas em geral viverem sem o sentido de civilidade que nos deve guiar, sem a educação necessária e exigível para se sociabilizarem com os outros e sem a urbanidade de promoverem a sua própria cultura bem como dos que deles dependem.
Este hábito tuga de passear à beira-mar/rio e/ou nos centros comerciais, deixa pouco espaço para se habituarem aos verdadeiros benefícios da cultura. Os museus são espaços desconhecidos para os portugueses em geral.
Este País está tão mal que mais rápido se reconhece um pastor, cromo de um programa de tv, do que o nome de um qualquer navegador.
Os hábitos dos portugueses são apenas e só invejar e gastar.
E queixarem-se da crise ao volante do utilitário com jantes especiais, tecto de abrir e suspensão rebaixada.
Num vai-e-vem lento e panorâmico estouram o dia e o depósito, prontos para mais uma semana em que, o máximo que os vai preocupar, é se o Falcao ou o Cardozo jogam no fim-de-semana.
Parolos somos todos, mas há uns mais que outros…
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