Sou uma espécie de cancioneiro da corrida. Não faço relatos, transmito os sonhos que vivo nas minhas aventuras. Vou fazendo das tripas motivação.
segunda-feira, maio 30, 2011
REALidade
A nossa realidade é magnifica. Transforma-nos, por instantes, em crianças que quisemos deixar de ser, e a que recorrentemente tornamos.
Conseguimos com gestos de satisfação transformar qualquer momento numa realidade que nos fica gravada na memória. Em tudo. Não me recordo de quase nenhum dia na praia em especial. Lembro-me em geral de dias intermináveis passados no areal ocupados com brincadeiras de crianças ou de adolescentes a recrearem-se. Mas das idas à praia em dias de chuva lembro quase todos como dias marcantes e incrivelmente satisfatórios.
Curioso como a diferença na nossa realidade nos revela o fantástico de um momento diferente, que nos transporta para uma idade diferente, e que sabe lindamente. É nestas alturas que nos apercebemos que a nossa real idade é quase sempre adequada ao nosso contentamento. Quanto maior o prazer do momento, mais novos nos sentimos!
sexta-feira, maio 27, 2011
Mudança é vida
A vida passa ao lado de muitos dos que nascem.
A evolução trouxe-nos aqui, a este mundo estranho de conveniências e de bem-estar.
O ser-humano vive com uma insatisfação decorrente de querer tudo e de não conseguir quase nada.
Enquanto novos queremos independência, não queremos estudar, não nos apetece obedecer e, na ânsia sôfrega de pular do “ninho”, damos passos atrás, à frente, muitos para o lado, até chegarmos à desejada estabilidade, profissional e pessoal. Com tanta vontade de encontrar essa estabilidade, muitos colam-se na mais conveniente, na que foi mais trabalhada por uma das partes intervenientes no processo de construção da dita relação, seja pessoal ou profissional.
E quando achamos que já tudo encarreirou, vem a vontade de mudar. Nunca estamos satisfeitos. E depois, é um corrupio de emoções e de impulsos, que dominámos com a maturidade, mas que levam muitos à depressão ou à desistência por KO. Ninguém, ou poucos são os que ensinam a contornar as desilusões. Dominados pelas circunstâncias e vicissitudes da vida deixámo-nos levar, não pelos Pais, mas pelo bom-senso. Que nunca bate certo com a vontade.
Mas a essa vontade chama-se viver. As histórias que mais nos fascinam enquanto crianças são as do final “e viveram felizes para sempre”. Mas, à medida que vamos acumulando vida e vivências, o que nos fascina, a mim seguramente, é a capacidade de todos aqueles que buscam a felicidade ou a realização pessoal, de mudar, de correr riscos, de partir em busca do que tanto desejam. E esses, mesmo quando fracassam, ao chegar ao fim da linha, sentem-se preenchidos pela vida, pelo sal que lhe deram.
O que fica na memória nunca são os fracassos, são os passos que se dão para fracassar.
terça-feira, maio 24, 2011
Preço justo
Nesta vida tudo se paga.
Já todos ouvimos tal expressão.
Há expressões que espelham a nossa realidade com uma exactidão violenta.
Alguém me dizia há uns tempos que, sempre que queremos alguma coisa, sempre que almejamos uma meta, um objectivo, um sonho, se houver outra pessoa implicada, tudo se torna mais difícil, porque nem sempre o que nos convém, convirá ao(s) outro(s).
Há sonhos que inevitavelmente implicam mais alguém. Seja por participação directa, seja pela influência que têm nas nossas vidas. Esses são os mais difíceis, porque, normalmente, são os que têm tantos efeitos colaterais que transcendem o próprio, logo, estão sempre na dependência da bondade, vontade ou aceitação de alguém.
Passamos, egoisticamente, as nossas vidas a desejar muito, muitas coisas, criámos expectativas, defraudamos algumas, somos correspondidos no amor, no trabalho, nas amizades, na vida em geral… Ou não.
Em miúdo nunca sabia onde acabava o respeito e começava a ousadia excessiva até levar um estalo. Nunca conseguia decifrar o ponto em que “podia”… Ou não. Nalgumas situações era demasiado ousado, noutras demasiado respeitador? Não entendia. O preço? Levar ou não uma chapada. Enfim, havia sempre quem tentasse.
Um sinal que achamos que damos, mas que quem pretendemos que o entenda, nem se apercebe de tal. Um acontecimento que desejamos, que está prestes a desenrolar-se e, um contratempo atira para o lote dos “never happened”.
Enfim, passámos as nossas vidas em apalpadelas de sinais, de consensos, de encaixes de vontades. Somos correspondidos, às vezes fingidos, nunca sabemos se sim se não.
Que raio, tinha tudo isto de ser tão complicado?
Tinha quem nos programou de nos dar uma consciência que tanto nos trava os impulsos?
No trabalho, na vida pessoal, na família, na roda de amigos, no desporto…
Há sempre um “…e se eu…?”
Não há fórmulas perfeitas. A vida é o que é, somos nós que a fazemos, somos nós os condutores do nosso “carro”.
Mas há um preço para as interrogações e para as hesitações. Normalmente são as frustrações.
quinta-feira, maio 19, 2011
História
A história vai sendo feita do sumo dos dias. Apesar da muita parra e da, consequente, pouca uva, temos vivido dias históricos.
Tenho a sensação que a história que vai ser escrita pelos cancioneiros dos nossos dias, incluirá umas páginas sobre um indivíduo que, apesar de bom tribuno, não passa de um charlatão.
Como somos um País pequenino, não temos originalidade na criação ou no pensamento de novos ou diferentes sistemas políticos, mas fomos o País que despoletou uma nova forma de fazer barulho, de protestar, de fazer política sem ser político. Foi aqui, neste cantinho a sudoeste da Europa que começaram os protestos da sociedade civil contra a chamada classe política, na qual poucos se revêm.
Ontem em Madrid, capital do Reino de Castela, um movimento semelhante, protestou em força contra os políticos lá do sitio, e como Madrid tem mais algum impacto no resto da Europa, os protestos contagiaram outros pontos do velho continente.
A diferença é que, em Espanha, Zapatero levou em consideração os ditos contestatários e, num assomo de bom-senso, disse que aqueles deveriam ser ouvidos e respeitados.
Por cá, ou melhor, nós por cá, achamos que o protesto que por cá decorreu, não foi mais do que uma marchazita de uns putos “à rasca”, que entretanto se afogaram numas bejecas servidas numa barraquita académica da queima das fitas.
O Zapatero cá do sítio chora em pré-campanha. Se lhe tiram a mama nem sabe o que fazer. O outro canta. Os outros assobiam. Todos se acham sociais e todos prometem não tirar a mama aos que vivem da “teta” do estado.
O mentiroso primeiro continua a tratar os portugueses como um bando de ignorantes, que certifica qualificados, com uma redação onde descrevam aceitavelmente o percurso de vida, e a quem pede que o voltem a por no poleiro. A ver pela quantidade de gente que continua a dar dezenas de milhar de euros a desconhecidos, para trocar por “novas notas”, qualquer licenciado em Engenharia, mesmo que ao Domingo, os engana bem. É mete-los num autocarro, e, por uma bifana e uma bandeira, eles apoiam e votam.
Os da esquerda prometem o impossível. Com esses ia-mos rapidamente à falência, não sem antes haver prisões políticas e uma debandada do capital e dos empresários.
O Portas acena à esquerda e à direita, num populismo tal que até sobe nas sondagens. Quanto mais se mente em Portugal, melhor se fica na fotografia. Mesmo a comunicação social se sente na obrigação de enaltecer o “excelente comunicador, e excelente táctica eleitoral”, ou seja, o vazio de ideias e a vulgaridade nas intenções, é para esta gente, sinónimo de boa intervenção política.
O cantor, é criticado por ter um programa. Toda a gente o critica por ter criado, com a ajuda do homem dos pentelhos que chefiou uma equipa criada para o efeito, um verdadeiro guia de liberalização do estado, uma revolução, considerada por muitos meritória e que deveria ser discutida. Mas não agora, dizem eles. Agora é altura de fazer campanha, de mentir ao povinho, como é tradição.
E depois admiram-se de ninguém acreditar nos políticos. Eu pessoalmente não acredito é nos jornalistas, esses é que fazem passar o que lhes apetece, o que choca. O que deve ser discutido é muito maçador. As notícias em Portugal só são notícia quando puderem ser esmiuçadas nas “tardes da Júlia”, ou no “Goucha”, caso contrário são muito maçadoras.
Está-se a fazer história.
Com o beneplácito de todos está-se a enterrar o período em que a Europa mais cresceu, melhor viveu e mais esperança de vida deu aos seus habitantes, e por consequência ao Mundo.
Com esta forma de vida democrática, em que todos mentem durante as campanhas, para depois darem as machadadas nas legítimas ambições das pessoas, tornam-se coveiros do sistema.
Vai chegar o dia em que a revolta contra o sistema político e o capitalismo que o suporta, será imparável. E tudo porque acham anormal falar verdade e claro às pessoas, que são o que mais importa.
Tenham juízo. Mudem a história enquanto é tempo.
sábado, maio 14, 2011
Vítor Dias
E porque este também é um blogue sobre corridas, aqui fica a apresentação em vídeo de um dos grandes responsáveis por este modo de vida que adoptei, a corrida.
O Vítor é o mentor do site que mais uso como “muleta” da minha preparação, e o site, bem como o livro, que me levaram à aventura de saltar da mera recriação para a distância mítica, a Maratona.
Considero-o como amigo e intitulo-o como meu Padrinho na corrida. Agradeço-lhe a paciência de me aturar sempre que o chateio com alguma dúvida que me assola.
http://tv.cm-porto.pt/arquivo/zoom-camara/depois-das-seis-prog-3
Obrigado Vítor!
sexta-feira, maio 13, 2011
Pentelhos
Enquanto alguns os discutem, como disse Eduardo Catroga, outros analisam o programa que o PSD apresenta ao País.
Francisco Assis acha que o dito programa tem um mérito, diz ao que vai. Refere que é contra, que agora até pode parecer muito correcto, mas que o problema não é o facto do Estado ter domínio sobre todas estas questões, que o problema só se coloca porque há uma crise de financiamento externo. Financiamento externo? Pergunto eu. Financiamento! Não tem de ser externo. Só tem que ser assim porque a economia não consegue gerar recursos suficientes para pagar todos os serviços que o Estado acha que mais ninguém é capaz de prestar.
E o que diz o dito programa?
Diz claramente que o Estado deve sair da posição predominante em tudo o que mexe com a vida das pessoas.
Diz que os serviços de saúde não têm que ser prestados no estado para serem comparticipados, coisa que os sindicatos não admitem que seja alterado nos benificiários da ADSE, por exemplo.
Diz que os pais podem escolher a escola para os filhos, pagando o Estado o mesmo valor, seja pública ou privada.
Diz que acabará com os Governos Civis. Eu gostava de saber porque é que ainda não acabaram. Será que foi só para “albergar” alguns candidatos autárquicos derrotados, como o Governador Civil de Aveiro, José Mota, derrotado surpreendentemente em Espinho?
Diz que terá menos Ministros que qualquer outro governo, não mais do que 10. Diz ainda que reduzirá drasticamente o nº de Secretarias de Estado, bem como o nº de assessores.
Diz ainda que vai privatizar o que resta das já privadas EDP, PT, GALP, REN, CP e mais, muitas mais. Acham mal? Eu não. Evita casos como o de Rui Pedro Soares, que enriqueceu na PT só porque era amigo de Sócrates, ou casos como o de Fernando Gomes, actualmente na Galp, ou como o de José Penedos da REN, ou ainda como o caso de muitos outros ligados ao PSD e que também por lá pululam.
E diz muito mais. É só ler.
Nada me choca nestas medidas, aliás, acho que finalmente apareceu alguém que está disposto a acabar com muita da mama que por aí há, e a malta da comunicação social discute pentelhos.
A definição de pentelho está aqui, para quem a desconheça e refere precisamente aquilo que Catroga quis dizer: Coisa mínima ou de pouca importância.
sexta-feira, maio 06, 2011
Patriótico ou nacionalista?
De esquerda ou de direita?
Se é de esquerda é patriótico, de direita é nacionalista.
Se é de extrema-esquerda é irresponsável, ou romântico; da direita já se torna perigoso.
Esta máxima criada no período pós-revolução é tão levada a sério e tão temida que, até o PP e o seu líder, se vêm na obrigação de fazer uma colagem aos ideais comunistas de emergência com os desfavorecidos.
Temos por onde escolher? Pouco. Quem como eu quer menos Estado, treme sempre que surge uma proposta nesse sentido, com o titubear constante de quem, à direita, deveria saber explicar as vantagens de tirar o Estado da economia e dos serviços que os privados conseguem assegurar com mais qualidade e melhor gestão dos recursos disponíveis.
Ainda não houve ninguém suficientemente convincente nessa missão. E é urgente que alguém tome esse lugar sem medo da chamada “opinião pública”, que, na minha modesta opinião é mais publicada que publica.