Depois de 2 dias intensos, onde prevaleceu a superação e celebração, hoje foi dia de revelação. Em todos os aspectos e decisões que tomamos nas nossas vidas, quando escolhemos um caminho, sabemos que, entre pontos positivos, há sempre alguns negativos.
Hoje foi dia de todos experimentarem o reverso da superação, a provação.
O Caminho Português de Santiago, como por aqui é conhecido, entra em Espanha por Tuy, tomando a direcção de Porriño, antes de, 36 km depois chegar a Redondela. Aquilo que em Tuy se revela agradável, com todo o carinho e atenção que Espanha dedica a um dos principais destinos mundiais de peregrinação espíritual ou religiosa, é contrariado pelo serpenteado por estradas nacionais, por terras galegas menos atraentes e minimizado pelo acumular de Km's e do consequente esforço dispendido. Isto para não aludir à lama mal cheirosa das estradas (?) do lado português junto a Valença, que, como dizia um pastor, "a Junta não arranja".
Todos se têm vindo a superar. Só o Caminho que nos leva a Santiago regrediu um pouco na beleza que ontem todos admiramos no Minho, e o cansaço a sensações que apesar de duras, nos levam a concluir que nós comandámos os nossos destinos.
A vida não é só flores. Também tem espinhos.
Mesmo assim, ainda houve tempo para admirar alguns dos troços mais rurais, de desfrutar de alguns (poucos) cursos de água cristalina e refrescante num dia de sol e de calor primaveril.
Faltam 2 dias. Pouco mais de 80 km, depois de um dia em que palmilhamos mais 57. Agora que o Caminho se aproxima do destino, vamos enfrentá-lo com a coragem de quem sabe que, apesar dos momentos menos agradáveis, há sempre pontos de apoio, de satisfação e de regozijo e um ou outro ponto de interesse.
Transformamos o cansaço em força para que a chegada amanhã aos 200 km, seja mais uma etapa única (talvez impensável) de alguns dos que, motivando-se cada vez mais face às dificuldades, vão vencendo barreiras que nunca pensaram transpor.
É isto o Caminho.
Amanhã há mais.
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