Este ano temos mais uma escritora no grupo. Roubei-lhe esta foto da rede sociopata onde todos nos encontramos assiduamente. É uma excelente caricatura do nosso Caminho.
Todos sabemos que, nos dias de hoje, é difícil dispor de tempo para desfrutar em pleno daquilo que precisa de tão precioso e raro bem para ser apreciado. O Caminho de Santiago é percorrido por milhares de pessoas, sendo que a grande maioria o faz a pé. Em Portugal, falando com muita gente, fica-se com a sensação que, se ainda não tivessem inventado a bicicleta, seriam poucos os que o teriam feito.
Em 2013, quando fizemos o Caminho na versão 5NC (vejam aí o histórico de Abril, está lá tudo), que coincidiu com um feriado e respectiva ponte, dividimos o Caminho com centenas deles, tendo perdido então o que agora temos: Sossego. Hoje, ao ver esta frase da lebre e da tartaruga, interroguei-me como raio duvida alguém que a correr (como nós corremos, lentos) se consegue desfrutar de todos os encantos do Caminho. Foi o que fizemos todos hoje. Quase 8 h para percorrer pouco mais de 43 km. Mas o Caminho foi quase só para nós. Fomos tartarugas que desfrutaram de tudo. Da envolvente, linda, da paz do caminho, dos imensos (inevitável com este sol) riachos e ribeiros e da alegria que é correr devagar. Só quem corre sabe o quanto conseguimos isolar-nos para podermos apreciar o que mais ninguém vê; os cheiros, as árvores que começam a florir, os animais de pastoreio pelos campos, o silêncio interrompido pelo chamamento de acasalamento de um corvo, uma queda de água que silva no meio das árvores... Quando chegar amanhã a Santiago, não me digam que correndo não se sente o Caminho. O Caminho sente-se quando o fazemos com a alma, esse eu que todos procuramos. E a alma satisfaz-se com tudo o que os olhos vêem, o nariz cheira e os ouvidos ouvem. O nosso mundo está todo no Caminho e deve ser desfrutado. Como o Corvo na floresta, também somos capazes de um grito no silêncio. O grito da Alma é o que se sente no Caminho. E esse grito, essa busca que todos sem excepção fazemos, esse é o nosso Eu. Desfrutemos.
Amanhã será, seguramente, dia de Celebração.
Acredito que sim! 😉
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